O artigo se ocupa da atuação social e religiosa de missionárias batistas no antigo norte goiano. Um esforço de compreensão do espaço de atuação que se configurou como importante para se verificar a forma de ver e apreciar a participação feminina no interior da denominação. Entendemos que as mudanças na organização das relações sociais correspondem sempre a mudanças nas representações do poder. Deste modo, a visão que se tem das mulheres no interior da instituição batista, e também no âmbito social, se modifica a partir do momento em que as mulheres se posicionam ativamente enquanto missionárias, desconstruindo o ideal de mulher unicamente mãe e esposa, e colocando em seu lugar uma mãe, esposa, professora, missionária, e em certos casos, missionárias solteiras. Para narrar a participação da mulher como sujeito do crescimento e manutenção da religiosidade batista, incorremos na história das religiões em interface com a história cultural.
Neste artigo, pretende-se verificar os modos pelos quais protestantes e católicos tentaram inculcar valores, controlar comportamentos, impor visões de mundo em sociedades que abrangiam seus espaços de atuação no estado do Tocantins, antigo norte goiano. Nossa intenção é perceber como esses grupos religiosos se organizaram para agirem em culturas que não coadunavam com suas sacralidades institucionais. Esses modos de agir foram percorridos por meio de literaturas voltadas para estudos de religiões e religiosidades na região. A literatura analisada indica que protestantismo aceitava em suas fileiras apenas os convertidos, o que exigia desses a abdicação das antigas formas de religiosidade. Por seu lado, o catolicismo, aceitava as permanências de antigos catolicismos, em muito populares e sincréticos.
Neste artigo apontamos para o envolvimento de padres e freiras em atividades religiosas na Diocese de Porto Nacional -TO, cuja proposta era a defesa de trabalhadores atingidos por políticas agrárias que os excluíam do acesso à terra. Para a compreensão desse envolvimento, em muito afinado com os pressupostos religiosos do Vaticano II, fizemos uso de entrevistas orais, na perspectiva da História Oral. Como método ou como técnica de pesquisa, a História Oral tem sido utilizada por sociólogos, antropólogos, historiadores e vários cientistas sociais que fazem a opção pelo enfoque qualitativo, na busca de esclarecer elementos históricos não privilegiados em pesquisas documentais. As entrevistas com as pessoas que presenciaram ou testemunharam acontecimentos ou conjunturas são formas de se aproximar e ampliar os objetos de estudos sobre religiões. Por meio de relatos de experiências de envolvimento naluta pela terra e, de anúncio de um evangelho coerente com a opção pelos pobres, o catolicismo engajado em questões sociais buscou inserção entre os fiéis em um processo de valorização do catolicismo praticado em regiões interioranas.
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