RESUMO: O artigo apresenta uma breve revisão da literatura sobre sentidos e significados que trabalhadores atribuem aos seus trabalhos e identifica perspectivas teóricas que diferenciam sentidos e significados, em contrapartida a outras que os tratam como um único fenômeno. Foi possível demonstrar que trata-se de temática ainda pouco explorada e cuja maioria dos estudos está baseada nas investigações desenvolvidas pelo Meaning of Work International Research Team ([MOW], 1987) e, mais recentemente, por Morin (2001). As variáveis adotadas nas pesquisas do fenômeno no Brasil advêm, predominantemente, dos trabalhos do MOW e são a centralidade do trabalho, as normas sociais do trabalho e os resultados valorizados do trabalho. Verifica-se a importância da multidisciplinaridade para a compreensão da atribuição de sentidos e significados do trabalho pelos sujeitos dado que se trata de um construto psicológico multidimensional e dinâmico, e que resulta da interação entre variáveis pessoais e ambientais relacionadas ao trabalho. PALAVRAS-CHAVE: Atribuir sentidos; atribuir significados; trabalho. SENSES AND MEANINGS OF WORK: EXPLORING BRAZILIAN CONCEPTS, VARIABLES AND EMPIRICAL STUDIESABSTRACT: This paper presents a brief review of the literature on the senses and meanings that workers attribute to work, and it identifies theoretical perspectives that differentiate between 'sense' and 'meaning', as opposed to others that treat both terms as referring to the same phenomenon. Morin (2001). The variables adopted by Brazilian studies of this phenomenon, predominantly derived from MOW works, are the centrality of work, the social norms of work, and the valued results of work. The results indicate the relevance of a multidisciplinary approach to the comprehension of how subjects attribute senses and meanings to work, since these are multidimensional and dynamic psychological constructs resulting from the interaction between personal variables and work related environments. KEYWORDS: To attribute sense; to attribute meaning; work.O contexto do trabalho contemporâneo está articulado a uma série de alterações das mais diversas ordens. Essas mudanças incluem fenômenos tais quais a globalização dos mercados, o aumento da competitividade entre países ou empresas, a reestruturação produtiva, as inovações tecnológicas e/ou sócio-organizacionais, a flexibilização das relações de trabalho, dentre outras. Segundo alguns autores, como Offe (1989), o trabalho no capitalismo perdeu o seu papel associativo e a proteção política, e, mais racionalizado e precarizado, deixou de se constituir na categoria sociológica chave. Por outro lado, há aqueles (Antunes, 1995(Antunes, , 2000 Harvey, 2000) que reafirmam a importância do trabalho para a sociedade, mesmo que a sua concepção atual precise ser redimensionada. Em meio a esses questionamentos se acrescentam mais alguns: significado e sentido do trabalho são sinônimos, ou seja, têm o mesmo objeto de estudo? Quais as variáveis que vêm sendo privilegiadas nos estudos desenvolvidos no Brasil sobre si...
A relação entre juventude e trabalho é um elemento importante para compreender as relações sociais de determinado período. Na sociedade ocidental, o ingresso do jovem no mundo do trabalho está entre os marcos de passagem para a vida adulta (GALLAND, 2007). Porém, as mudanças ocorridas na esfera laboral trouxeram signifi cativas mudanças para os jovens, levando à ampliação do tempo de estudos e ao adiamento do ingresso no mercado de trabalho, sobretudo nos países desenvolvidos (GALLAND, 2000;COHEN, 2007). Nos países periféricos, essa tendência ocorre entre as famílias de maior poder aquisitivo, e os jovens mais pobres, geralmente, engrossam as fi leiras dos desempregados (OIT, 2011).Como consequência, constrói-se um duplo discurso: o primeiro de despadronização do curso de vida e a fragmentação das trajetórias biográfi cas (DIB; CASTRO, 2010); o segundo, mais frequentemente adotado pelos autores da área de Administração e amplamente divulgado na mídia de negócios, aponta o surgimento de uma nova geração, com comportamento diferente, que demanda uma mudança nas formas de gestão (VELOSO; DUTRA, 2008;VASCONCELOS et al., 2010;POUGET, 2010). Estes jovens integram a chamada Geração Y, grupo defi nido a partir de uma delimitação etária (nascidos a partir de 1978) e por um conjunto de comportamentos relacionados ao ritmo de mudança, elevada interatividade, rapidez no acesso à informação e entendimento do mundo.Enquanto os conceitos ligados aos grupos geracionais anteriores (Babyboomers, Geração X) tiveram pouca repercussão nos estudos realizados no Brasil, atualmente, a discussão sobre a Geração Y tem crescido nas diferentes mídias, com maior destaque nas redes sociais. Segundo tais estudos, os jovens dessa geração -por terem vivido muitas mudanças em diversos setores da sociedade -têm uma única certeza, a imprevisibilidade dos acontecimentos (CLARO et al., 2010). Para autores dessa corrente (TULGAN, 2003;LOMBARDIA et al., 2008;POUGET, 2010), as rápidas transformações ocorridas no ambiente de trabalho fi zeram com que os jovens despertassem para a necessidade de estar sempre atualizados para manterem-se competitivos diante do restante da força de trabalho. As organizações cada vez mais têm a presença de jovens em seu comando, o que leva à adoção de novos modos, normas e valores de trabalho. Esses jovens têm uma nova forma de ser e agir em sociedade, principalmente no que se refere à relação com o trabalho, o que traz uma série de novos desafi os para mantê-los nas organizações, bem como amenizar os confl itos geracionais que possam surgir. Por ser uma geração que nasceu na era da tecnologia, na maior parte das vezes, esses jovens acompanham e dominam seus avanços.Essa "nova geração" tem sido considerada um dos grandes desafi os para a gestão de pessoas nos próximos anos (BARRETO et al., 2010), levando o tema a ganhar espaço nas discussões acadêmicas (VELOSO; DUTRA, 2008;VASCONCELOS et al., 2010). No entanto, o conceito de Geração Y tem sido incorporado aos estudos nacionais tal como se apresenta nos estudos internacionais...
Neste artigo, procurou-se verificar o que representam as cooperativas de trabalho no processo de reestruturação produtiva e flexibilização do trabalho na economia brasileira e, especificamente, na gaúcha. Desenvolveu-se uma pesquisa junto às cooperativas de Porto Alegre questionando-se quanto à flexibilização do trabalho, qualidade de vida e empregabilidade. Identificaram-se, por parte dos dirigentes a valorização dos ideais cooperativistas e a preocupação com a qualidade de vida dos cooperados. Essas cooperativas, no entanto, lutam com dificuldades, decorrentes da concorrência das cooperativas de "fachada", da legislação considerada restritiva e do fato de os contratantes de seus serviços buscarem o menor custo. Grande parte é constituída de trabalhadores com baixo nível de qualificação e que encontraram no trabalho cooperativo uma alternativa ao desemprego. Mesmo apontando as dificuldades deste tipo de organização consideram como uma solução à crise econômica e de se manterem no mercado de trabalho. Foram realizados posteriormente três estudos de caso de cooperativas de trabalho de Porto Alegre e comparados entre si. Como são cooperativas com diferentes níveis de qualificação de seus associados, as perspectivas e aspirações são bastante diferenciadas.
O artigo discute os resultados de pesquisas sobre as melhores empresas para trabalhar no Brasil, divulgadas pela revista Exame nos anos de 1997, 1999 e 2000. Os pesquisadores identificaram as 30, 50 e 100 empresas que ofereceram, nos respectivos anos, as condições mais atraentes para os trabalhadores, com base em dimensões que permitem avaliar as melhores práticas em recursos humanos. Os itens pesquisados apresentam estreita similaridade com o modelo de Walton (1973) de qualidade de vida no trabalho. O método utilizado foi caracterizado como exploratório-descritivo. A análise dos dados demonstra que as organizações cujas práticas foram avaliadas de forma mais positiva pelos seus empregados nos anos de 1997 e 1999 enfatizam, em primeiro lugar, o orgulho do trabalho e da empresa. No ano de 2000 o principal aspecto valorizado foi a oportunidade de carreira e treinamento. No conjunto, observou-se uma redução do número de empresas e de itens em relação aos quais elas receberam a avaliação máxima por parte dos empregados.
Su m á r i o : 1. Introdução; 2. As vertentes econômicas para compreensão do mercado de trabalho; 3. A interpretação da sociologia econômica; 4. A interpretação da teoria institucional; 5. Contribuições de Bourdieu: as estruturas sociais da economia; 6. Considerações finais. O termo mercado de trabalho permeia grande parte das discussões da sociologia e da economia na atualidade. Porém, mesmo sendo comum encontrar textos que utilizem o termo buscando dimensioná-lo, compreendê-lo, bem como explicar as mudanças que tem sofrido nas últimas décadas, são poucos os estudos que desenvolvem uma reflexão teórica do conceito e que destacam a vertente que estão seguindo. No presente trabalho busca-se analisar o conceito de mercado de trabalho em diferentes perspectivas da economia e a sociologia, a fim de aprofundar a discussão sobre o tema. Para tanto, procura apresentar algumas das principais abordagens do termo, destacando sua vertente teórica e possíveis limitações. Da economia são considera-
O trabalho é um meio essencial para a integração social e a autorrealização do indivíduo. Assim, observa-se que o momento da aposentadoria pode representar mudanças no sentido do trabalho. Essa transição pode ser encarada de modo positivo por aqueles que estão preparados para ela, entretanto, pode configurar-se em um período de incertezas e promotor de uma visão negativa dos dias que estão por vir. Dessa maneira, buscou-se analisar qual o sentido que o trabalho tem para os aposentados. O estudo consiste em uma pesquisa qualitativa com profissionais que estão se preparando para a aposentadoria e com aposentados vinculados à Fundação de uma empresa do Rio Grande do Sul. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas, nas quais se buscou identificar quais as expectativas destas pessoas perante essa nova fase da vida. Buscou-se verificar como eles enfrentam essa ruptura, já que não há mais o trabalho para se identificar e criar laços sociais ligados a ele. Os entrevistados apresentaram reações positivas em relação à aposentadoria. Alguns entrevistados, porém, expressaram a necessidade de continuar atuantes no mercado de trabalho. Outro fator de satisfação apurado na análise das entrevistas foi a preparação para essa nova fase promovida pela empresa.
Atualmente os estágios representam uma forma de "inserção profissional organizada", estruturada na convergência dos sistemas educativo e produtivo, em que a escola/universidade já incorpora à formação aspectos de aprendizado prático, preparando a socialização para o trabalho. Para compreender como essas transformações têm se refletido no processo de ingresso no mundo do trabalho, este estudo tem por objetivo analisar a inserção profissional dos estudantes de Administração a partir da experiência de estágio em Porto Alegre e região metropolitana. A pesquisa seguiu uma orientação construtivista. Foram entrevistados 32 estudantes dos cursos de graduação em Administração que relataram suas experiências de estágio, apontando suas implicações para a inserção profissional e suas expectativas de carreira futura. Na análise, nota-se que, apesar do caráter de formação, o estágio nem sempre representa a etapa inicial do processo de inserção profissional, pois, pelas entrevistas, verifica-se que a primeira experiência profissional dos estudantes nem sempre está relacionada com o curso de formação e normalmente vincula-se à busca pelo conhecimento do mundo do trabalho ou à independência financeira dos pais. Os estágios tornam-se centrais quando o jovem procura experiência profissional relacionada à sua área de formação. Nesse momento, nota-se a influência das expectativas individuais, pois, numa forma institucionalizada de inserção e dentro de um mesmo grupo juvenil, devem ser consideradas as diversas trajetórias possíveis. Verifica-se que não há uma possibilidade única e generalista para compreensão desse processo, pois uma diversidade de caminhos se origina a partir da experiência de estágio, tornando ainda mais complexa a compreensão do conceito de inserção profissional.
Ainda hoje, a busca pela precisão numérica capaz de ser validada, confirmada e replicada representa a principal forma de construção de conhecimento em diversas áreas das ciências sociais. A pesquisa qualitativa, embora tenha ampliado seu espaço e ganhado destaque, ainda é questionada por alguns pesquisadores, os quais acreditam que esta não possui o mesmo rigor de coleta e de análise de dados da pesquisa quantitativa, bem como não tem a força da generalização dos resultados encontrados. Neste breve ensaio, busca-se discutir dois elementos de rigor da pesquisa qualitativa: a validade e a reflexividade. Primeiramente, é realizada uma apresentação teórica buscando definir e discutir o conceito de validade, como destacar ainda diferentes interpretações que podem ser dadas para o termo em diferentes correntes epistemológicas. Já com o conceito de reflexividade se destaca a importância da análise crítica da própria ciência, com ênfase no posicionamento e na atuação do pesquisador ao conduzir seus trabalhos e a relação que estabelece com os sujeitos de sua pesquisa. Para finalizar, são apresentadas algumas considerações sobre a construção de conhecimento no campo científico e a atuação do pesquisador.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.