RESUMO A condição de cidade hospitaleira está intrinsecamente ligada a oferta de qualidades urbanísticas no espaço público. Parte-se do pressuposto que essa qualificação só ocorre de fato quando todos os sujeitos envolvidos na hospitalidade urbana passam a ter responsabilidades e atribuições para com o espaço que serve como local do encontro e da recepção. Tem-se aqui o primeiro objetivo do trabalho, o de aprofundar o debate entre hospitalidade urbana e dádiva, atribuindo ao anfitrião e ao hóspede seus respectivos direitos e deveres de cidadãos. Defende-se ainda que o sucesso na qualificação do espaço público está atrelado a maneira pela qual este se relaciona com o espaço privado. Nesse sentido, o segundo objetivo do trabalho é investigar de que maneira os conceitos e diretrizes da hospitalidade urbana podem ser inseridos em políticas públicas de desenvolvimento urbano, em especial na Lei de Zoneamento. Para tanto, utiliza-se como base os atributos espaciais de hospitalidade urbana, desenvolvidos sob uma extensa base teórica e prática, e os analisa na Lei de Zoneamento da cidade de São Paulo. PALAVRAS-CHAVE: hospitalidade urbana; lei de zoneamento; dádiva; cidadania; espaço público.
O presente texto originou-se do convite das editoras da Revista Cenário para que fosse escrito um ensaio sobre como vemos a relação entre a pandemia do coronavírus e o setor de turismo. As reflexões foram feitas a partir das experiências dos autores que, no momento da redação, residiam em três países: Brasil, Costa Rica e Estados Unidos. O texto foi escrito entre 10 de maio e 10 de junho de 2020, período no qual o Brasil e os Estados Unidos se tornaram epicentros da pandemia e a Costa Rica se tornou modelo mundial de correta gestão da crise sanitária mundial. O artigo reflete sobre a importância de se compreender o histórico mundial de crises que afetaram o turismo nos últimos 50 anos. Discute a perspectiva de como um problema que era atual no turismo - o overtourism - perdeu importância e significado de forma abrupta, justamente pelo surgimento de outro problema radical - a redução, ou quase estagnação total, das viagens mundiais. Apresenta a perspectiva que se impõe ao turismo agora uma reformulação do setor, inclusive com forte apelo à sustentabilidade e à distribuição mais igualitária das riquezas por ele geradas. O ensaio deliberadamente não apresenta previsões sobre o turismo, mas sim aponta uma série de questões sobre o momento atual e sobre a possibilidade de retorno à “normalidade”.
Objetivos: Este artigo tem como objetivo principal investigar se as estratégias de planejamento turístico utilizadas pelos cinco estados mais hospitaleiros do país incentivam a elaboração de Planos Diretores. Tem-se ainda como objetivo secundário aprofundar os estudos que relacionam a hospitalidade urbana às políticas públicas de desenvolvimento urbano.Metodologia/Abordagem: Utilizou-se no trabalho pesquisa documental e bibliográfica. A coleta de leis, decretos e planos foi obtida através da internet, mais especificamente pelos sites do Ministério do Turismo e dos Órgãos Estaduais de Turismo dos cinco estados analisados.Originalidade/Relevância: O trabalho apresenta a hospitalidade urbana como uma solução inovadora e alternativa para a gestão de cidades turísticas. A pesquisa destaca a importância das leis que regulam o uso e ocupação do solo na condução de um planejamento turístico mais justo e acolhedor para moradores e turistas. Principais resultados: Apesar de ser uma obrigatoriedade, os resultados sugerem que a elaboração de Planos Diretores em “cidades com especial interesse turístico” não é condição essencial para que as cidades recebam o “selo” de cidades turísticas e passem a contar com recursos financeiros, técnicos e humanos. A pesquisa reforçou o papel do Estado como anfitrião urbano ao demonstrar sua função de agente regulador do uso e ocupação do solo, equilibrando a disputa do território turístico e evitando a especulação imobiliária.Contribuições teórico-metodológicas: O artigo apresenta o lado prático da ciência da hospitalidade ao demonstrar a implementação dos atributos espaciais da hospitalidade urbana nas políticas públicas de desenvolvimento urbano de cidades turísticas.
Os excessos do fenômeno turístico giram em torno de um paradigma social. À medida em que se insere nas dinâmicas que caracterizam uma cidade contemporânea, este campo de atuação e de estudos tornou-se sinônimo de expectativas sobre momentos memoráveis (para quem viaja) e de desenvolvimento socioeconômico (para quem reside em localidades turísticas). Em contrapartida, os efeitos ocasionados pela massificação dos destinos quebram as formas de alcance das projeções positivas, ainda que os interesses entre os atores envolvidos sejam distintos. O objetivo deste artigo foi analisar estes efeitos na rotina de residentes da cidade de Barcelona, na Espanha, bem como aspectos da hostilidade a turistas. Até o final do ano de 2019 e início de 2020, a cidade estava no centro das discussões em torno de um fenômeno denominado turismofobia. Na compreensão de tais questões, foram consultados em profundidade 24 artigos científicos disponíveis na literatura entre turismo, hospitalidade e política. Por meio de análise qualitativa, os resultados revelam que ações para o desenvolvimento do turismo precisam ser repensadas e adaptadas às dinâmicas da turismofobia. Assim, o atual cenário da saúde pública global, em decorrência da pandemia induzida pelo Covid-19, trouxe novas reflexões entre discussões sobre políticas rigidamente sustentáveis e a dinâmica pré-estagnação das viagens. Palavras-chave: Barcelona. Turismofobia. Turismo de Massa. Gentrificação. Overtourism. Hostilidade.
Em Mangabeira, Pará, a comunidade ribeirinha mantém tradições relacionadas ao sistema culinário de da mandioca. Originada de uma tradição ancestral inicialmente de matriz indígena, a mandioca é a base da cultura alimentar regional, estruturada em padrões de produção e consumo com especificidades locais. Desde 2019 acontecem roteiros turísticos específicos nessa região, com o intuito de proporcionar uma vivência de todo o processo de fabricação da farinha de mandioca. Esse tipo de turismo de base comunitária possibilita maior integração entre os sujeitos da hospitalidade e pressupõe a acolhida do outro. A partir de uma pesquisa qualitativa e exploratória, baseada em observação assistemática, observação participante e entrevistas abertas, objetiva-se analisar o roteiro turístico organizado pelo Instituto Laurinda Amazônia em Mangabeira, identificando as dimensões simbólicas da hospitalidade centrada na casa de farinha. Para tanto, apresenta-se a cultura alimentar local e os artefatos utilizados na produção da farinha, analisados a partir dos ritos de acolhimento na recepção, acomodação, alimentação e entretenimento dos visitantes. Revelam-se as dimensões simbólicas da hospitalidade a partir do mito da mandioca, dos objetos, do manejo e saberes, do espaço e do modo de vida na comunidade.
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