Introdução: O perímetro cefálico (PC) é definido como o tamanho da cabeça da criança em sua maior área. O crescimento da caixa craniana está relacionado ao crescimento e volume cerebral e, por isso, deve ser rotineiramente medido e utilizado para seguimento individual, pois é um forte preditor do neurodesenvolvimento. Sabe-se que o PC é relacionado a condições ambientais e de saúde materna, e sua avaliação adquiriu grande importância após a recente epidemia de infecção pelo vírus Zika no Brasil e em outras partes do mundo, que se associou ao aumento da incidência de microcefalia. Objetivo: Avaliar a associação do perímetro cefálico de recém-nascidos com características sociodemográficas e hábitos maternos durante a gestação em duas coortes de nascimentos de Ribeirão Preto, SP, em 1978/79 e 2010. Método: foram analisados dados referentes a dois estudos de coortes de nascimento realizados em Ribeirão Preto, SP, um em 1978/79 e o outro em 2010. Foram incluídos recém-nascidos vivos de parto único hospitalar que tiveram a informação do PC ao nascer. Os dados foram coletados de forma semelhante nos dois momentos, utilizando questionário criado para o estudo e dados coletados nos prontuários. As variáveis utilizadas nas análises foram sexo do RN, restrição do crescimento intrauterino (RCIU), idade gestacional, idade e escolaridade maternas, tabagismo durante a gestação, situação conjugal, paridade, tipo de parto e tipo de hospital. Foram realizadas análises de regressão linear simples e múltipla para testar a associação da variável resposta "perímetro cefálico" com as variáveis independentes em cada ano, utilizando o pacote estatístico SAS 9.3. Resultados: Na coorte de 1978/79 participaram 2941 recém-nascidos e em 2010 participaram 7353. A média geral do PC em 1978/79 foi de 34,10 cm, um pouco menor do que a de 2010, de 34,29 cm. Nasceram mais meninos em 1978/79 e mais meninas em 2010. Excetuando a RCIU, as demais variáveis apresentaram mudanças na frequência nesse intervalo de tempo. A escolaridade materna aumentou, a proporção de mães adolescentes ficou estável, em torno de 12% e a de mães ≥35 anos aumentou de 8,3% para 12,5%. Tabagismo materno na gestação se reduziu de 28,3% para 11,8% e a taxa de cesáreas mais que dobrou, de 27,5% para 58,6%. Todas as variáveis estudadas se associaram com o PC na análise não ajustada, exceto paridade em 1978/79. Nos dois momentos, as variáveis que foram mais fortes preditoras de maiores valores de PC foram sexo masculino e parto cesárea, e de menores valores de PC o tabagismo materno na gestação e RCIU. A RCIU foi o fator que mais impactou, sendo que essas crianças tiveram medida de PC reduzida em 1,30cm (IC95%-1,43;-1,18) em 1978/79 e em 1,74cm (IC95%-1,87;-1,61) em 2010, quando comparadas com as nascidas sem restrição. Conclusão: Características maternas durante a gestação, apesar de terem melhorado com o passar dos anos, ainda precisam de atenção. Muitas mulheres ainda carecem de informações e de cuidados pré-natais. Esforços devem ser realizados para detecção precoce e intervenç...
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