Este trabalho tem como objetivo descrever uma estratégia de construção referencial ainda pouco discutida: a recategorização sem menção anafórica. Consideramos que uma vertente dos estudos em referenciação tem procurado assumir com mais intensidade os pressupostos sociocognitivistas que coordenam as pesquisas em Linguística Textual na atualidade. A partir daí, surgem propostas explicativas que falam em favor de uma integração de múltiplos fatores para a construção do referente. Dentro desse processo, uma consequência esperada é a verificação de que o fenômeno não tem como permanecer circunscrito à ocorrência de sintagmas nominais. Vê-se, assim, que a estratégia aqui descrita contribui para compreender o alargamento pelo qual o fenômeno da recategorização vem passando desde as reflexões iniciadas na década de 1990.
Este artigo tem como objetivo mais amplo propor uma reflexão sobre as relações entre linguística textual e ensino e aprendizagem de língua portuguesa. Parte-se do postulado assumido pela linguística textual praticada no Brasil na atualidade, que compreende a argumentação como um processo inerente à linguagem, já que em todos os textos há um direcionamento do locutor para mudar, em algum nível, o estado do interlocutor (CAVALCANTE et al., 2020). Com base nisso, elegemos o processo da referenciação como estratégia a ser explorada em práticas pedagógicas, propondo uma análise de duas atividades em que a construção da coerência passa pela percepção da argumentatividade dos referentes. Acreditamos que as atividades sugeridas se pautam pela promoção do aprendizado eficaz, no plano tanto da visada argumentativa quanto da dimensão argumentativa (AMOSSY, 2011). Além disso, ao levar em conta a ação do aprendiz sobre os textos, em vez de se ligar ao caráter meramente expositivo de mecanismos de coesão referencial, essas atividades permitem a renovação (a nosso ver, urgente) do trabalho pedagógico com estratégias de textualização.
Este artigo retoma discussão relacionada a um fenômeno que costuma ser considerado na linguística textual como já estabilizado: a interação. Nesse sentido, salienta-se como Kerbrat-Orecchioni (1990, 1992, 2005) e Marcuschi (2010) evidenciaram uma diversidade de práticas comunicativas que são intrinsecamente relacionadas à configuração das interações. Assim, busca-se ampliar essa discussão para que sejam contemplados outros modos de interagir, como aqueles que se verificam em torno de gêneros e hipergêneros das mídias digitais. Essa proposta complexifica a discussão em torno do termo “interação” e fornece contribuições teóricas importantes para os estudos que se voltam às estratégias de construção dos sentidos.
Resumo: Este artigo tem como objetivo analisar as estratégias de referenciação construídas em uma narrativa de suspense escrita por alunos de 9º ano. A produção textual é resultado de nossa proposta de intervenção vinculada ao Mestrado Profissional em Letras da Universidade Estadual do Ceará. A proposta de intervenção foi aplicada em uma turma de uma escola pública municipal de Fortaleza, a fim de potencializar, pragmática e discursivamente, a produção escrita dos aprendizes, a partir do desenvolvimento das estratégias de referenciação. Consideramos que os processos de referenciação estudados ajudaram os discentes a apresentarem uma escrita mais eficaz, o que se revela pelo domínio que demonstraram para transformar, textualmente, os referentes principais do texto produzido. Palavras-chave: estratégias de referenciação; recategorização; ensino de produção textual.
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