IntroduçãoO FINAL DA DÉCADA de 1950, Margareth Shiner descreveu um método para a obtenção de fragmentos do intestino delgado para avaliação histológica. Pode-se dizer que esta descoberta da Medicina propiciou condições para o início de vários estudos que, após quase 25 anos, permitiram definir de maneira consistente a enteropatia ambiental. Esta condição clínica deve ser entendida como uma doença da sociedade, que acomete a saúde e a qualidade de vida de inúmeras pessoas, crianças e adultos que vivem em condições ambientais aquém da dignidade merecida por todos os componentes de uma sociedade civilizada (Fagundes Neto, 1996). Durante a década de 1960, estudos realizados em países tropicais mostraram que indivíduos adultos sem manifestações clínicas gastrintestinais apresentavam alterações histológicas no intestino delgado e redução da capacidade de absorção da D-xilose, ao serem comparados com indivíduos adultos sadios moradores em países desenvolvidos. O primeiro destes estudos foi realizado por Sprinz e cols. (1962), na Tailândia, mostrando que os indivíduos adultos estudados, apesar de apresentarem anormalidades na mucosa intestinal, não apresentavam sintomatologia alguma. Klipstein, em 1970, compilou vários estudos realizados na Índia, Paquistão, Malaia, Nigéria, Egito, Israel, Vietnan, Haiti, México e Venezuela. No que se refere à morfologia, as anormalidades observadas no intestino delgado em todos estes estudos eram redução da altura das vilosidades intestinais e aumento do infiltrado linfoplasmocitário na lâmina própria.Inicialmente, estas anormalidades receberam várias denominações, dentre as quais enteropatia tropical, má absorção subclínica dos países em desenvolvimento, enteropatia não específica e jejunopatia tropical. A similaridade destas lesões intestinais com o sprue tropical levaram Klipstein (1970), em 1967, a propor uma teoria baseada no clássico modelo do "iceberg", considerando que o grande contingente de indivíduos assintomáticos com anormalidades funcionais e morfológicas no intestino delgado constituiriam a porção submersa do sprue tropical subclínico. Por outro lado, a porção emersa do "iceberg" corresponderia ao sprue tropical clássico com suas manifestações clínicas características: diarréia crônica, emagrecimento e anemia megaloblástica por deficiência de vitamina B-12 ou ácido fólico. Entretanto, uma série de argumentos fundamentados na distribuição geográfica, na predileção por certas faixas etárias e a possibilidade de o sprue tropical eclodir mesmo após o viajante retornar para uma região desenvol-
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