RESUMOForam estudados 117 pacientes com fraturas expostas, submetidos a protocolo para identificação do paciente e caracterís-ticas do trauma, internados para tratamento cirúrgico, durante um período de dois anos. A avaliação microbiológica da ferida foi realizada em 45 pacientes antes do desbridamento cirúrgi-co, com predomínio dos germes gram positivos. A antibioticoterapia foi utilizada profilaticamente em todos os pacientes, podendo, no entanto, ser melhor padronizada.O perfil da maioria dos pacientes da amostra foi: sexo masculino, branco, casado, com idade entre 21 e 30 anos, trabalhador industrial com Primeiro Grau completo, vítima de acidente de automóvel ou motocicleta.As fraturas foram agrupadas segundo a classificação de Gustilo, sendo que a maioria dos casos encontrados foram do tipo III. Os índices de infecção estiveram relacionados ao grau da classificação, sendo mais freqüente no tipo III. No entanto, o estudo também revelou índice elevado de infecção no tipo II, comparado com a literatura. O tempo médio de exposição foi de cinco horas e trinta e nove minutos, sendo o fixador externo o meio de tratamento mais utilizado. Foi também avaliada a freqüência de politraumatizados, 15%.O período de internação foi em média de 9,14 dias, com uma média de aproximadamente oito retornos por paciente nos ambulatórios. As principais complicações foram a infecção e a pseudoartrose, sendo a tíbia o osso mais acometido.
Descritores
INTRODUÇÃOFratura exposta é aquela em que há quebra na barreira da pele e tecidos moles adjacentes levando a comunicação direta entre o meio externo e a fratura e seu hematoma. Como o meio interno, no caso dos membros, é estéril, o contato com o meio ambiente muda esta situação, transformando-o em contaminado. Dependendo do tempo de exposição, até o início do tratamento, e do sucesso ou não do procedimento cirúrgico inicial, a contaminação pode evoluir para infecção de partes moles e também do osso.Além do tempo de exposição outros fatores são decisivos para a evolução da fratura com relação à infecção, principalmente o montante de lesão de partes moles (diretamente relacionada à energia cinética absorvida) e grau de desvitalização dos tecidos, que além de tornarem mais difíceis os procedimentos de cobertura também podem alterar a vitalidade do osso e o processo de reparação.A evolução e o resultado final são, portanto, diretamente influenciadas pela extensão do dano às partes moles e pelas características da contaminação.Historicamente Hipócrates relata estudos de pacientes gravemente feridos nas guerras, tratados com ferro (faca) ou fogo (cauterização). Galen e seus seguidores reconheceram também a purulência e sua necessidade para o processo reparador dos graves feridos da época. No século quinze e dezesseis Brunschwig e seguidores advogaram que a remoção dos tecidos desvitalizados dos compartimentos abertos era necessária para o tratamento das feridas que não se recuperavam. Vários méto-dos foram então desenvolvidos para tratar estas graves lesões, porém somente a partir da Primeira...