Abstract:At the end of the 1990s, researchers involved in the debate on the new wars introduced discussion about the urban dimension of contemporary conflicts into the International Relations discipline. The innovative debate about urban fragility is one of the many lines of inquiry that emerge within the framework of the relationship between cities and contemporary conflicts. This paper seeks to demonstrate that the concept of 'fragile city' offers a new and relevant analytical framework for understanding contemporary urban violence and inequality. Moreover, this same concept could also be instrumental in making fragile cities the new locus of international humanitarianism. The notion of fragile city emerges to describe new emergency situations more closely linked to urban contexts than to national dynamics, as previously described in the literature on fragile states. The concept of fragile city is a groundbreaking tool for understanding the human consequences of inequality in urban settings, but might also be used as a rhetorical vehicle for the reproduction of old dynamics and the inauguration of new intervention practices in urban areas that were previously inaccessible to humanitarian action, especially cities in Latin America.
Os contratos de agências privadas com a Central de Inteligência Americana (CIA) e suas atividades de combate ao terrorismo, após os atentados de 11 de Setembro, foram um dos principais responsáveis pela expansão do mercado de segurança privada no Iraque. Este artigo pretende relacionar o papel crescente dos atores privados na estratégia de contraterrorismo da coalização liderada pelos EUA no contexto da ocupação do Iraque. Entendemos que falta de controle das atividades das empresas privadas de segurança tornam-se funcionais para as democracias liberais quando se envolvem nesse tipo de ação armada. Ou seja, um dos fatores responsáveis pela ascensão das Empresas Militares de Segurança Privada (PMSCs, na sigla em inglês) se relaciona à resposta a um ambiente em mudança operacional no terreno onde ocorrem as "novas guerras". O fato de o inimigo mais fraco poder ter influência sobre a coesão nacional das grandes potências, impondo custos políticos e econômicos significativos a seus adversários, faz com que a guerra seja travada além das operações militares no campo de batalha. Nossa hipótese é que os EUA, e a coalização militar que liderou a invasão do Iraque, procuraram gerenciar os riscos políticos (legitimidade) e os riscos de vida (para os combatentes e civis), considerados além daquilo que a opinião pública está disposta a aceitar. A estratégia revela-se num processo de transferência de risco para novas organizações civis de prestação de serviços, menos visíveis, de forma a tornar extremamente difícil imputar responsabilidades. PALAVRAS-CHAVE: terrorismo; empresas privadas de segurança; Iraque; serviço de inteligência; EUA.Recebido em 8 de Julho de 2014. Aprovado em 15 de Setembro de 2014.
As empresas militares e de segurança privada (EMSP) são um tipo de ator emergente nos debates a respeito dos conflitos contemporâneos, principalmente por conta de sua grande participação ao lado das tropas dos EUA nas Guerras do Afeganistão e do Iraque. A literatura sobre o tema em geral reagiu ao surgimento e crescimento do chamado “mercado da força”, identificando o que seria um momento de gênese dessas companhias, o final da Guerra Fria ou o pós 11 de setembro. Apesar disso, ao longo do século XX, é possível identificar nos Estados Unidos um conjunto de transformações nos procedimentos militares, nas tecnologias, nas normas que regularam a terceirização e na atuação dos atores privados que conformaram o atual estado do mercado para serviços militares privados e que tornaram possível a explosão desse fenômeno a partir dos anos 1990. A opção por uma genealogia, produzida através da reconstituição do desenvolvimento da empresa DynCorp, desde suas origens no pós-Segunda Guerra Mundial até a sua participação na Guerra do Iraque, busca indicar que o atual mercado para EMSP emerge a partir de adaptações de longo prazo das empresas, e de seu principal cliente, o governo dos EUA. A associação entre as EMSP e outros atores e setores econômicos indica uma dimensão econômica dos conflitos contemporâneos relacionada não apenas aos seus fins, mas também aos meios disponíveis.
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