Através da estatística descritiva, de entrevistas via telefone e e-mail e da análise da campanha de quatro candidatos, o artigo examina as características de 73 indígenas que concorreram nas eleições de 2014, ressaltando seus atributos sociais e partidários em comparação com o universo mais amplo de competidores. A análise dos dados revelou a concentração dessas candidaturas nas regiões Norte e Nordeste, nos pequenos partidos de esquerda, e a alta escolaridade dos candidatos. O estudo evidenciou ainda que, em termos de atributos adstritos e adscritos, candidatos indígenas e não indígenas são muito semelhantes entre si. Assim, não devem ser buscadas nessas diferenças as razões para o seu baixo desempenho eleitoral. Indígenas candidatam-se muito pouco a cargos de representação estadual e federal, sendo eles a etnia com o menor contingente em 2014. Isso pode indicar que eles tendem a fazer mais política em associações e organizações do “movimento indígena” do que por via da política institucional. Essa minoria é, politicamente, ainda mais excluída do que mulheres e negros, contudo, as causas dessa exclusão devem ser melhor pesquisadas.
Resumo O presente trabalho trata do processo de produção de uma instituição pública vinculada ao poder executivo amazonense: a Secretaria de Estado para os Povos Indígenas do Amazonas (Seind/AM), criada em 2009, e extinta seis anos depois, em 2015. A forma como os servidores indígenas se percebem em tal processo implica a continuidade de um projeto político que, até então, havia tido seus principais desdobramentos através de organizações e associações do movimento indígena. Ao mesmo tempo em que o surgimento da Seind possibilita a ocupação de um lugar inédito na estrutura estatal, estar em tal posição também significa entrar em consonância com um novo universo político e certa ordem e forma da organização estatal brasileira. Busca-se refletir sobre a interação de indígenas, não indígenas, e suas instituições em tal processo, explorando a maneira como diferentes modos de se fazer política, de pensar a administração pública, e de estar no estado, confluem no sentido de compor esse novo espaço indígena.
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