No Brasil a expansão urbana, como um componente fundamental das mudanças estruturais na sociedade brasileira, ocorreu de forma mais intensa na segunda metade do século XX, entre os anos de 1950 e 1970. O processo de urbanização, baseado na terra como mercadoria e acompanhado por uma ocupação desordenada, trouxe diversos problemas para boa parte das cidades brasileiras, com ocupações em áreas de rios e encostas, lançamentos de resíduos em cursos d'água e terrenos vazios, saneamento básico insuficiente, habitações insalubres, trânsito, ruído e poluição. São Paulo, a cidade mais populosa do país e o principal centro financeiro, corporativo e mercantil da América do Sul, é representativa desse processo. Estudos focados na urbanização da cidade revelam que a dinâmica de expansão da metrópole tem provocado um processo de concentração de população de baixa renda em áreas periféricas, mas também em localidades que concentram bolsões de pobreza e abrigam populações de baixa renda, com processos de ocupação por atividades irregulares, como invasões, favelas e loteamentos clandestinos. Exemplo de uma dessas áreas é a antiga favela do Real Parque, situada no bairro do Real Parque, um dos cinco bairros que compõem o distrito do Morumbi, na subprefeitura do Butantã, e considerada uma área de risco e que passou recentemente por um processo de reurbanização. Pelas suas especificidades, esse território é um estudo de caso ilustrativo para pensar os contrastes da megacidade, os impactos da urbanidade (ou da sua falta), a conformação de áreas de ocupação irregular e as relações estabelecidas pelos seus moradores e os possíveis delineamentos de processos de reurbanização. Neste sentido, a presente dissertação apresenta e discute resultados de uma pesquisa que teve como objetivo geral compreender, na perspectiva dos moradores, as potencialidades e limitações do processo de reurbanização nesta localidade, que teve início em 2008 e seguiu até 2016, com a entrega dos últimos condomínios. Como objetivos específicos, buscou-se investigar as características dessa localidade, particularmente antes do início da reurbanização; identificar percepções dos moradores sobre o local onde vivem e condições de vulnerabilidades; e compreender, a partir das suas narrativas, como as mudanças relacionadas ao novo empreendimento têm impactado o cotidiano da comunidade. Por meio de pesquisa documental e pesquisa de campo, o estudo partiu da hipótese de que enquanto os riscos geológicos foram minimizados e/ou se tornaram inexistentes, outros problemas e condições de vulnerabilidade passaram a ganhar maior visibilidade e projeção para os moradores.
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