Este artigo investiga a relação entre animais humanos e não-humanos no pensamento de Aristóteles, tomando como fonte principal seus tratados de zoologia e, dentre eles, a História dos animais. O objetivo central é discutir em que medida é possível identificar traços incontornáveis de antropocentrismo em Aristóteles, e, em caso positivo, em quais termos esse antropocentrismo é expresso. A partir da leitura de passagens diversas, e da análise filológica de determinados verbos empregados pelo filósofo, argumento que o dado antropocêntrico dos escritos de Aristóteles, embora presente, pode ser nuançado, em especial quando algumas espécies – como a esponja do mar – são abordadas pelo estagirita. Assim, concluo que a retórica antropocêntrica de Aristóteles aparece com mais frequência quando os animais são abordados em conjunto do que como espécies isoladas.
O objetivo deste artigo é feitura de uma discussão teórica do modelo normativo de cultura denominado helenização a partir de três obras magnas: Alexandre: o grande, de Johann Gustav Droysen (1808-1884), El imperialismo macedonico y la helenización del oriente, de Pierre Jouguet (1869-1949), e Alien Wisdom: The Limits of Hellenization, de Arnaldo Momigliano (1908-1987), sendo esta última fundamental no sentido de criticar e limitar a tese de uma helenização absoluta do Oriente a partir das conquistas de Alexandre Magno. Longe de se constituir num conceito estanque, portanto, a helenização possui traços e enunciações que estão em consonância com as épocas em que é formulada, fazendo da reflexão dos porquês de estas diferenças um salutar exercício de pensamento histórico.
Professor titular Universidade Estadual de Campinas Rua Cora Coralina, s/n -Cidade Universitária Zeferino Vaz 13083-970 -Campinas -SP Brasil
ResumoNeste artigo busca-se analisar a obra do historiador italiano Arnaldo Momigliano (1908Momigliano ( -1987, em particular no que se refere à abordagem dada por ele às interações culturais durante o período helenístico (323-30 a. C.). Será argumentado que as interpretações de Momigliano sobre o referido período estavam, em grande medida, marcadas por sua forte identidade judaica, ainda mais pelo fato de Os Limites da Helenização (Alien Wisdom: The Limits of Hellenization [1975]) -sua principal obra sobre o assunto -ter sido publicada sob os ecos dos ataques da Síria e do Egito ao Estado de Israel. Desse modo, busca-se problematizar a produção de Momigliano, demonstrado como o cenário político e identitário influiu no trabalho do historiador.
Palavras-chaveArnaldo Momigliano; Helenismo; Historiografia.
AbstractThis article analyzes the scholarly work of Italian historian Arnaldo Momigliano, particularly his approach to cultural interaction during the Hellenistic period (323-30 BC). It asserts that Momigliano's interpretations about the period were largely marked by his strong Jewish identity. This is particularly true considering that the book Alien Wisdom: the limits of Hellenization (1975) -his major work on the subject -was published in the wake of the then recent attacks by Syria and Egypt against Israel. The article seeks, thus, to discuss Momigliano's views by demonstrating how this historian's work was tributary of his political and identity scene.
O interesse dos homens pelo passado sempre se fez presente na espécie humana. Seja através de fontes escritas, seja através de artefatos e resquícios materiais, o desejo de conhecer o que passou em eras remotas se constitui numa atividade ínsita ao próprio ato de pensar. Deste interesse nasceram disciplinas que se ocupam, a piori, do passado, como a História e a Arqueologia. Esta última, em particular, tem passado -nas últimas décadas -por múltiplas discussões epistemológicas, que se propõe a investigar como são concebidas e construídas as interpretações acerca da cultura material. Seguindo esta corrente teórica, o livro de Carlos Fabião -Uma História da Arqueologia Portuguesa: das origens à descoberta da Arte de Côa -revela-se uma obra de grande valor, ao promover uma revisão crítica da ciência arqueológica no Estado lusitano.Carlos Jorge Gonçalves Soares Fabião -nascido em Lisboa, licenciado em História pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e Doutor em Arqueologia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde atualmente leciona -deixa claro seu objetivo logo nas primeiras páginas: "o presente livro trata dos modos como a indagação desse remoto passado se fez presente em Portugal" (p.10) e "podemos dizer que este livro trata de nossa identidade, ou, melhor dizendo, dos modos como ela se foi construindo ao longo dos séculos" (p.11). A partir do pressuposto teórico de que a leitura do passado está enviesada pela época em que é feita, torna-se crível admitir que o primacial alvo de Fabião é apresentar como tais leituras são feitas de acordo com interesses de ordem política, social e econômica e, de forma concomitante, despir a Arqueologia de seu manto de exotismo. Ler suas quase duzentas páginas é uma tarefa assaz agradável, graças a uma linguagem acessível, em associação a um trabalho gráfico primoroso -coroado com belíssimas ilustrações e fotos
Este artigo analisa o assim chamado Relevo de Messene, buscando conectar sua iconografia à descrição de uma caçada entre Alexandre Magno e Crátero registrada por Plutarco. Será argumentado que o relevo pode ter sido comissionado pelo filho de Crátero durante as primeiras décadas do século III a.C., de forma a legitimar sua posição como regente na Grécia.
This paper discusses some appropriations of Philip of Macedon and Alexander the Great by Macedonian and Greek governments from the second half of the twentieth century. In particular, discusses who these governments, each in its own way, use the figures of this two monarchs with nationalist purposes.
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