A depressão materna tem sido apontada como uma condição de adversidade associada à presença de mais problemas comportamentais das crianças, sendo uma lacuna da literatura o papel dos afetos e suas influências para as práticas educativas das mães depressivas. Objetivou-se verificar o efeito preditivo da depressão materna, da percepção sobre os afetos e das práticas educativas parentais das mães para os desfechos problemas comportamentais de crianças em idade escolar, avaliados por mães e professoras. Adotou-se um delineamento transversal, correlacional preditivo, de comparação entre grupos. Participaram do estudo 101 díades mãe-criança, provenientes de uma amostra da comunidade, distribuídas em dois grupos, a saber: G1-51 díades, cujas mães apresentaram diagnóstico de depressão, e G2-50 díades, cujas mães não apresentaram histórico e transtorno depressivo atual, sistematicamente avaliado por instrumento diagnóstico. As 101 mães e seus respectivos filhos biológicos, de ambos os sexos, com idade entre oito e 11 anos, foram selecionados em quatro escolas públicas do ensino fundamental da cidade de Uberaba-MG. Para a inclusão e composição dos grupos, as mães responderam ao Questionário Sobre a Saúde do Paciente (PHQ-9) e à Entrevista Clínica Estruturada para o DSM-IV (SCID), e as crianças ao Teste das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven, considerando para inclusão o percentil ≥ 25. Procedeu-se com as mães as aplicações: de um Questionário Geral, relativo aos dados sociodemográficos e familiares; da Escala de Afetos; e do Inventário de Estilos Parentais. Ainda, mães e professoras responderam ao Questionário de Capacidades e Dificuldades da Criança (SDQ), instrumento de rastreamento de indicadores comportamentais das crianças. Os dados foram codificados segundo as recomendações técnicas e analisados por procedimentos estatísticos (p≤0,05). Constatou-se, com significância estatística, que as mães de G1 apresentaram menos afetos positivos e mais afetos negativos, e relataram utilizar menos práticas educativas positivas e mais práticas negativas, quando comparadas às mães de G2. Em relação aos indicadores comportamentais, as crianças de G1 apresentaram, com significância estatística, mais sintomas emocionais em relação a G2, segundo a avaliação das mães e das professoras. Identificou-se associações significativas da depressão materna com baixo nível socioeconômico, mais afetos negativos, menos afetos positivos, predominância de práticas educativas negativas, e mais problemas comportamentais por parte das crianças, conforme os relatos das mães e das professoras. Verificou-se, por meio da análise de regressão linear multivariada, que as variáveis práticas negativas gerais e as práticas específicas de negligência e abuso físico foram as melhores preditoras dos problemas comportamentais das crianças. Tais problemas foram mais associados às práticas educativas negativas que à depressão materna e aos afetos, sendo que a prática de negligência se destacou nos modelos de predição, como a que mais explicou os problemas comport...
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