Este artigo tem como objetivo discutir a relação entre o que chamaremos de “histórias não-convencionais”, a teoria da história e a história da historiografia. Discutiremos aberturas possíveis das disciplinas para esferas que tensionam com seus protocolos sedimentados e, também, a relação destas aberturas com a emergência de uma temporalidade que tem transformado as humanidades e suas prioridades epistemológicas. Argumentaremos que os passados práticos, a critical quantitative inquiry, o paradigma da presença, a história pública e as historiografias populares seriam alguns exemplos de aberturas para “histórias não-convencionais”, à medida que intervêm criticamente no que diz respeito aos discursos e paradigmas históricos e historiográficos academicamente instituídos.
Este ensaio problematiza as reflexões sobre o futuro no mundo contemporâneo que o aborda unilateralmente a partir de sua “redução”, “estagnação” e “ameaça”. Argumentamos que a tematização do futuro resumida à sua “impossibilidade” possui consequências ontológicas, epistemológicas, ético-políticas e afetivas perigosas para o âmbito intelectual e cotidiano, pois alimenta a sensação de que não há como atravessar os desafios do mundo contemporâneo, negando assim o caráter de mobilização da experiência histórica. Essa problematização é conduzida no ensaio por meio do relato de uma experiência de sala de aula ligada ao ensino de Teoria da História. A experiência lançou mão dos sonhos (experiências oníricas) dos estudantes como um caminho possível para reconduzir/reconstruir a nossa relação com o real e com o futuro na universidade. Argumentamos também, com base na experiência relatada, que o exercício de registro, tematização teórica e o compartilhamento dos sonhos em comunidade permite uma percepção mais alargada dos desafios da temporalidade contemporânea, bem como a construção de outros mundos possíveis.
Resumo: Neste artigo abordamos alguns aspectos da crise política contemporânea e brasileira a partir da sua relação com a temporalidade. Argumentamos que certa dificuldade no que diz respeito ao surgimento de propostas intelectuais e políticas para o seu enfrentamento pode ser atribuída, entre outros fatores, à insistência numa percepção do futuro determinada pela expectativa de perfeição/perfectibilidade e progresso. Discute-se, também, a sensação de um possível aprisionamento na crise tendo em vista uma determinada forma de tematização a partir das mídias e redes sociais. Ao final, recorre-se a perspectivas que procuram ir além das categorias de pessimismo e otimismo tendo em vista que a insistência na classificação de diagnósticos intelectuais ou de ações políticas a partir delas estabelece uma dependência em relação a uma expectativa de futuro ideal. Palavras-chave:Temporalidade; Crise; Presente Amplo; Otimismo; Pessimismo.Abstract: This article discusses some aspects of the contemporary crisis based on its relationship with temporality. We argue that a certain difficulty in the emergence of intellectual and political proposals for its confrontation can be attributed, among other factors, to a form of experimentation of the future, which is not fully determined by the expectation of perfection, perfectibility and progress. It also discusses the sensation of a possible imprisonment in the crisis in view of a certain form of its confrontation from the media and social networks. In the end, we approach perspectives that seek to go beyond the categories of pessimism and optimism. The insistence on the classification of intellectual diagnoses or political actions from them establishes a dependence on an expectation of the ideal future.
A partir de uma prática epistêmica que procura assegurar a diferença, este trabalho se constitui em um diálogo necessário entre a Teoria da História e áreas afins, a saber: a Filosofia e a Antropologia, e integra uma pesquisa que investiga as reflexões de Reinhart Koselleck, Ailton Krenak e Davi Kopenawa sobre a experiência onírica. Neste artigo, procuro destacar que as abordagens dos autores sobre os sonhos oferecem aberturas críticas aos modos de vida e de pensar ocidental, impactando nossa relação com o conhecimento e também com os desafios sócio-políticos atuais. O artigo realiza, inicialmente, um breve panorama do que seria a atividade onírica no interior da tradição ocidental. Em seguida, na contramão dessa trajetória, são apresentadas as reflexões de Koselleck e dos autores ameríndios. Na última seção, justifica-se a escolha epistemológica, ética e política pelos autores e pelo tema junto à perspectiva da “história dos vencidos” (dos silenciados) proposta por Koselleck, buscando contribuir para os exercícios de desconstrução da colonialidade.
Apresentação - Dossiê - Teoria da História e as Novas Humanidades: debates contemporâneos
Resumo Este artigo analisa a construção do cânone historiográfico brasileiro oitocentista a partir da perspectiva de José Inácio da Abreu e Lima (1794-1869). O general e escritor protagonizou algumas polêmicas intelectuais ao longo de sua trajetória. Na querela de maior repercussão, foi acusado de plagiário e o seu Compêndio da História do Brasil (1843) foi negado pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro nas figuras de Francisco Adolpho de Varnhagen (1816-1878) e Januário da Cunha Barbosa (1780-1846). Neste texto, analisamos o debate e argumentamos que a postura de Abreu e Lima - retirando-se do círculo letrado ligado ao instituto após a discussão, bem como sua posição histórico-política crítica e desarmônica em relação ao passado colonial - foi decisiva para o cânon historiográfico do século XIX, cujos conteúdos, imaginários e formas de escrita e pesquisa próprias à história do Brasil repercutem ainda nos desafios da historiografia contemporânea.
RESUMOO objetivo deste artigo é apresentar as interpretações sobre a Revolução Pernambucana narradas por José I. de Abreu e Lima e Francisco A. Varnhagen nas obras Compêndio da História do Brasil (1842) e História Geral do Brasil (1854). A análise das respectivas sínteses auxilia na problematização de possíveis razões pelas quais certo "esquecimento" ou "marginalização" da Revolução Pernambucana como um fenômeno regional deu-se (incluindo outros fatores) também por disputas historiográficas ao longo da primeira metade do século XIX. Identifica-se que as divergentes versões relacionam-se a metanarrativas opostas acerca da Independência do Brasil -os temas e conceitos utilizados para explicação desta Revolução nestas narrativas estão diretamente relacionados às disputas pela interpretação da Independência. Identifica-se também que essas divergências associam-se a espaços historiográficos distintos, um mais próximo à experiência institucional disciplinar, como o IHGB, outro a demandas do que se tem chamado de "história popular". PALAVRAS-CHAVERevolução Pernambucana; História da Historiografia; História do Brasil; José Ignácio de Abreu; Lima; Francisco Adolfo de Varnhagen. ABSTRACTThe purpose of this article is to present the interpretations of "Revolução Pernambucana" (1817) narrated by José Ignácio de Abreu e Lima and Francisco Adolfo de Varnhagen in the works Compêndio da História do Brasil (1842) and História Geral do Brasil (1854). The analysis of their syntheses assists in questioning of possible reasons why some "forgetting" or "marginalization" of "Revolução Pernambucana" as a regional phenomenon occurred (including other factors) also by historiographical disputes over the first half of the nineteenth century. The different versions of the literate relate to opposite metanarrative about the Independence of Brazil -the themes and concepts used to explain the Revolução Pernambucana in these narratives are directly related to disputes over the interpretation of Independence. These differences are associated with different historiographical spaces closer to disciplinary institutional experience, like IHGB and the other demands of what has been called "popular history". KEW-WORDS:
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