O livro Cannabis e Saúde Mental. Uma Revisão sobre a Droga de Abuso e o Medicamento 1 oferece contribuição oportuna e relevante para este tema atual. O livro traz uma extensa e cuidadosa revisão da literatura sobre amplos aspectos que vão da história de seus usos da droga, sua farmacologia, efeitos neuropsicológicos, relações com comorbidades, epidemiologia, possíveis usos terapêuticos até as abordagens de tratamento do seu abuso e dependência. Os autores demonstram que há relatos de uso da planta desde 4000 a.C. A planta foi usada como matéria-prima para a confecção de cordas, tecidos e papel, como alimento, medicamento com diversas indicações e depois incorporada a rituais religiosos e usos recreativos. Só na primeira metade do século XX, a preocupação com efeitos deletérios do consumo, associada à visão proibicionista, motivou a ampla proibição do consumo da Cannabis em grande parte do mundo. A descoberta relativamente recente de receptores canabinoides no cérebro e, depois, de substâncias endógenas que os estimulam provocou novo avanço do conhecimento. Os autores comparam esse achado às descobertas dos receptores nicotínicos, muscarínicos e opioides. Os estudos sobre o sistema canabinoide cerebral propiciam não apenas o conhecimento dos mecanismos de ação da droga no cérebro, mas também ilações sobre possíveis funções fisiológicas do sistema canabinoide e suas alterações fisiopatológicas. Sobre os efeitos subjetivos da Cannabis e dos canabinoides, os autores relatam que ainda há controvérsias sobre a reversibilidade dos efeitos cognitivos após longos períodos do uso da maconha. Estudos de neuroimagem funcional ou estrutural mantêm essa questão sem resposta. Pesquisas com tomografia computadorizada não foram capazes de identificar mudanças atróficas em usuários "pesados". Os estudos com ressonância magnética são conflitantes. O sentimento de intoxicação está relacionado ao aumento do fluxo sanguíneo cerebral, especialmente nas porções anteriores do cérebro em pesquisas com SPECT e com o aumento no metabolismo do cerebelo (em estudos com PET), no qual é alta a concentração de receptores canabinoides. Alguns estudos também mostram aumento significativo do metabolismo no córtex pré-frontal, similar àquele encontrado em dependentes de outras substâncias e em pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo. A relação etiológica entre o consumo de maconha e comorbidades, como ansiedade, depressão, transtorno bipolar e esquizofrenia, permanece obscura. No que se refere à esquizofrenia, confirmam-se as evidências de que a intoxicação por maconha desenca
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