RESUMO: As questões relativas ao comportamento da sociedade com seu espaço territorial no Brasil e nos países africanos de língua portuguesa são levantados, pela autora, a partir de obras literárias, demonstrando o papel da literatura para os Estudos Ambientais.ABSTRACT: This paper will analyze questions concerning the society´s behavior with respect to its territorial space in Brazil and in the Portuguese-speaking African countries from the perspective of literary works, by demonstrating the role of literature in environmental studies.PALAVRAS-CHAVE: Escritores naturalistas; naturalistas escritores; estudos culturais; meio ambiente. KEY-WORDS: Naturalist writers; writer-scientists; cultural studies; environment.A obra Os sertões, de Euclides da Cunha, marco do Pré-Modernismo, deixou impressas, na literatura brasileira, as formas operacionais dos contextos histórico, geográfico e cultural do sertão brasileiro. Dessa forma, o bucolismo da terra de palmeiras "onde canta o sabiá" e "de verdes folhas a cuja sombra dormia a formosa tabajara", deGonçalves Dias e Alencar, dá lugar a uma literatura em que arte e rigor científico se conjugam. Desde seu primeiro capítulo, percebe-se n'Os sertões a presença do geógrafo e do escritor Euclides, num constante revezamento na tarefa do fazer literário, usando artisticamente referências geográficas, botânicas e da astronomia do sertão brasileiro, que atestam a sensibilidade e perspicácia do autor e o colocam no rol dos grandes escritores que destacaram a natureza e o homem sertanejo nas interfaces do literário e do cultural.Portanto, no alvorecer da Modernidade, a literatura brasileira bem como as africanas de língua portuguesa _ sobre as quais discutiremos neste trabalho _ face o questionamento dos sistemas de valores instituídos, passam a praticar um modo diferente de interpretar o mundo, que no entender do crítico Salvato Trigo, partiria do "encontro ou do confronto, na língua, de cosmogonias e de ontogonias diversas e específicas aos povos que magnetizarão esse novo ser a que se chama, por comodidade, colonizado" ([s.d], p.17).