Resumo: Esta pesquisa busca investigar o engajamento e as interações nas redes sociais sobre as vacinas. Com base na coleta dos 100 links mais compartilhados, curtidos e comentados entre maio de 2018 e maio de 2019, por meio da palavra-chave “vacina”, foram identificadas os principais assuntos, fontes e posicionamentos. Em uma etapa qualitativa, foi empregado o método da Análise do Discurso para identificar os modos de produção de sentido em torno dos quais as conversações em rede se concentraram. Foi estudada ainda qual a participação das fake news entre os links mais compartilhados. Os resultados apontam que há majoritariamente uma disposição pró-vacina (87,6%) e um forte interesse em temas ligados à saúde, ao desenvolvimento científico e às políticas de saúde. Por outro lado, parte das fontes de informação mais acessadas pelos brasileiros não traz informações sobre critérios editoriais, políticas ou autores, o que pode dificultar a apreensão da qualidade e veracidade das informações consumidas. Além disso, as fake news representaram 13,5% dos links com maior engajamento, o que indica um dado preocupante em relação à desinformação sobre as vacinas. Esses resultados indicam importantes dinâmicas de comunicação sobre as vacinas e oportunidades para a melhoria na comunicação pública em torno do tema.
Resumo A vacina é um recurso fundamental para a promoção da saúde pública. Entretanto, uma crescente hesitação vacinal tem sido associada à desinformação em redes sociais. Nesse contexto, é importante investigar que informações sobre a vacina têm sido mais consumidas nesses espaços. Neste artigo, analisamos os cem links contendo a palavra “vacina” que geraram mais engajamento nas redes sociais entre 22 de maio de 2018 e 21 de maio de 2019, utilizando uma versão adaptada do protocolo de análise de conteúdo desenvolvido pela Rede Ibero-Americana de Capacitação e Monitoramento em Jornalismo Científico. O objetivo é investigar os discursos, enquadramentos e emissores que mais mobilizaram o debate público on-line. Analisando as características gerais, os temas, as narrativas, o tratamento e os atores desses conteúdos, concluímos que, apesar de, em sua maioria, veicularem uma visão positiva em relação às vacinas e trazerem dados verificáveis, existem lacunas na capacidade de sanar possíveis dúvidas quanto às vacinas, bem como em esclarecer de que forma a vacinação deve ser inserida no cotidiano de cuidados com a saúde das pessoas.
A pandemia da COVID-19 está sendo acompanhada pela circulação de um grande volume de informações, em parte enganosas ou falsas, fenômeno conhecido como “infodemia”. A superabundância informativa dificulta a identificação de fontes confiáveis e pode afetar a adesão a medidas de contenção, como as vacinas. Neste artigo, investigamos os cem links sobre “vacina” que geraram mais engajamento nas redes sociais em 2020 e os comparamos com os de mais engajamento em 2018-2019, antes da pandemia. O objetivo é compreender os modos como a infodemia afeta o debate público sobre vacinação, como a desinformação aparece nessas conversações e quais são os posicionamentos, emissores e temas privilegiados. Identificamos que o engajamento médio aumentou 8,6 vezes e que a predominância de informações verificadas se manteve antes e durante a pandemia. Contudo, o engajamento da desinformação cresceu de maneira expressiva e seu perfil mudou: se em 2018-2019 predominavam os conteúdos totalmente falsos e emitidos por veículos não profissionais, em 2020 se destacam as informações distorcidas por manchetes sensacionalistas emitidas por veículos profissionais. Além disso, a instrumentalização política do debate sobre vacinação, presente nos dois contextos, chama a atenção para a relação entre desinformação e disputas narrativas. Esses resultados apontam a complexificação da infodemia e a necessidade de estratégias de combate à desinformação que levem em consideração os contextos econômicos e sociopolíticos da circulação de informações nas redes
A pílula anticoncepcional, contraceptivo reversível mais utilizado no Brasil, torna-se, na mídia, motivação para a produção de discursos sobre a mulher. Se sua invenção facultou a dissociação entre a prática sexual e a maternidade, atualmente o medicamento é considerado nocivo em alguns contextos. A partir da perspectiva teórica da genealogia, analisamos quais são as invenções possíveis do feminino a partir dos discursos sobre a pílula hoje. Como metodologia, utilizamos a análise do discurso de reportagens da revista Veja e de postagens em grupos de contracepção não hormonal no site de rede social Facebook. Os resultados mostram que, nas matérias, o medicamento aparece como motor de emancipação da mulher; enquanto nos grupos novos ativismos levantam a bandeira do corpo sem pílula como ação política pela conquista da liberdade. Concluímos que, no regime de saber-poder contemporâneo, o resgate do corpo feminino natural se reconfigura como um dispositivo de liberdade frente ao controle da medicalização.
A mídia é uma das principais fontes para o consumo de informações sobre as vacinas. Com o crescimento da desinformação e da hesitação vacinal, é fundamental compreender como o jornalismo produz sentidos sobre esse recurso de saúde pública. Neste artigo, analisamos a cobertura da Folha de S. Paulo durante um ano com o objetivo de investigar de que formas as vacinas são pautadas pelo jornal. Observamos aspectos como enquadramentos, fontes, explicação de conceitos, e benefícios e riscos da vacina. Os resultados mostram que as matérias analisadas assumem importante papel ao aproximar a vacinação do cotidiano e promover seus benefícios. No entanto, a abordagem de riscos e controvérsias e a participação cidadã aparecem em menor escala, demonstrando que há espaço para ampliar as relações entre jornalismo, ciência e sociedade.
In this article, we analysed the 100 most engaging contents about COVID-19 on social networks in Brazil, in March 2020, when the disease officially arrived in the country. Within the infodemic context, we analysed the accuracy of the information and the reliability of the websites that guided the debate. Our results show that misinformation/disinformation accounted for 13.5% of the sample and that their average engagement was greater than the one for the information that could be verified in other sources and in accordance with scientific evidence. We also found that professional websites, especially journalistic ones, predominate among sources. The results point to the need to combine science communication strategies with network communication dynamics.
A palavra sororidade, uma espécie de sentimento de irmandade entre mulheres, sequer chegou aos dicionários, mas já motiva uma série de textos ativistas, jornalísticos e publicitários dispersos na internet. Neste artigo, faço uma análise do discurso foucaultiana das definições de sororidade presentes nos links mais compartilhados sobre o tema em sites de redes sociais. Dois eixos são explorados: a associação do conceito ao campo semântico dos sentimentos, especialmente à empatia; e as diferentes origens atribuídas à sororidade, vista ora como parte de uma essência feminina, ora como resultado de uma postura ético-política desenvolvida a partir da sociabilidade entre mulheres. A investigação do conceito revela, a partir de uma perspectiva de gênero, o nexo entre sentimentos, moralidade e política em processos comunicacionais contemporâneos.
In this paper, we investigate the intersections between feminism, memory and emotions in the virtual space of the internet. The methodology consists in analyzing the pages of Aurélia and Let's Celebrate Women projects, who are dedicated to building an online women's collective memory, gathering stories of inspiring women, from past and present. The intention is to discuss the uses of memory by social movements in their identity constitutions and their struggles for recognition, identifying relations present among contemporary feminisms and the Internet. Based on a discussion of the concept of memory, we investigate also the relationships between these initiatives and the growth of a culture of remembering in the contemporaneity. In the relationship between the practices of remembering and emotions, the right to memory is established as a primary demand of women in their new forms of militancy.
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