Introdução: O líquen escleroso (LE) é uma dermatose inflamatória crônica que tem preferência pela região genital, especialmente a feminina, podendo acometer todas as idades, embora tenha distribuição bimodal, com um pico pré-puberal e outro na pós-menopausa. A verdadeira prevalência é desconhecida. Representa 18% das patologias vulvares em crianças, sendo precedido apenas pela dermatite atópica e irritativa. Pode ser assintomático, porém frequentemente se apresenta com prurido e algumas vezes com queimação, sangramento, disúria e dor. Em crianças, o envolvimento da região perianal pode levar a casos de constipação e dor ao evacuar. As lesões típicas são manchas marfim ou pápulas avermelhadas, em alguns casos com hiperceratose, que podem coalescer em placas geralmente simétricas. Outras lesões podem incluir fissuras, petéquias, púrpuras, erosões, ulcerações, edema, hiperpigmentação. O diagnóstico geralmente é clínico. Está associado, em alguns casos, a doenças autoimunes. O presente relato consiste na descrição de um caso de LE infantil. Relato de caso: Paciente do sexo feminino, nove anos, branca, sem comorbidades nem uso de medicamento regular. Apresentou queixa de prurido vulvar, que levou ao uso de Trok® (cetoconazol 20 mg/g + dipropionato de betametasona 0,50 mg/g) por anos, sem resolução do quadro. Foi realizada investigação para infecções sexualmente transmissíveis, fungos e doenças autoimunes (FAN, TSH, T4 livre, anti-TPO, anti-tireoglobulina, anti-DNA, ultrassonografia com Doppler da tireoide), com todos os resultados negativos. Após a suspeita do diagnóstico de LE, foi utilizado Psorex® creme (propionato de clobetasol 0,5 mg/g) com melhora da sintomatologia. Além disso, foram orientados cuidados de higiene com sabonete neutro, calcinha de algodão e uso de Dersani® loção oleosa após o banho. Conclusão: A fisiopatologia ainda não é bem esclarecida. Existem teorias que envolvem alterações hormonais, por ser o LE mais visto em extremos de idade, questionando-se se ele ocorre pelo hipoestrogenismo. O diagnóstico é eminentemente clínico, evitando-se biópsias, como no caso acima. A chance de o LE evoluir para carcinoma de células escamosas de vulva é de 4%, que é encontrado normalmente após a menopausa. O LE não tem cura mas pode ser bem controlado clinicamente, como observado no caso descrito. O tratamento consiste em aliviar os sintomas e evitar a progressão da doença. Na fase de estabilização da enfermidade, essas pacientes devem ser examinadas duas vezes por ano. O LE é uma doença de difícil diagnóstico, principalmente quando assintomático, mas deve ser lembrado mesmo na infância.
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