justamente o que se crê conquistar quando se permanece na tolice do filósofo dogmático, do artista impotente ou do sedutor sem experiência" (DERRIDA, 2013, p. 37).O que parece estar em jogo quando você interroga a leitura heideggeriana de Nietzsche é a questão de saber se, sim ou não, a diferença sexual é uma "questão regional submetida a uma ontologia geral, depois a uma ontologia fundamental, e enfim à questão da verdade do ser" (DERRIDA, 2013, p. 79). Com isto, você interroga o estatuto do argumento e ao mesmo tempo a questão mesma. Neste caso, se a questão da diferença sexual não é uma questão regional (no sentido de secundária), se, de fato, ela não é "talvez nem mesmo uma questão", como você sugere, como você descreveria o "lugar da mulher" ("woman's place")? Jacques Derrida Jacques Derrida Jacques Derrida Jacques Derrida Jacques Derrida: Poderei escrever improvisando minhas respostas? Seria melhor, não é? Uma entrevista premeditada demais não seria aqui de nenhum interesse. Eu não veria a finalidade disso. Ela seria interminável, ou melhor, sobre essas questões tão difíceis, nem ousaria começar. Para a premeditação muito calculada existem outros textos e outras situações. Vamos jogar, então, com a surpresa, esta será a nossa homenagem à dança: ela deveria ocorrer só uma vez, sem jamais se tornar pesada nem se aprofundar nem mergulhar, sobretudo sem se arrastar em relação ao seu tempo. Nós não nos daremos, então, muito tempo para voltar atrás nem mesmo para olhar atentamente, apenas para entrever.Foi uma boa ideia começar com uma citação, e de uma feminista do fim do século XIX. Falando sabiamente e suficientemente maverick para colocar suas questões e condições ao movimento feminista. Já está aí um signo de vida, um signo de dança.Podemos nos perguntar pela repetição. No final do último século a "matriz" do feminismo por vir já estava preparada? Vocês sorriem, sem dúvida, e eu também, diante dessa palavra, "matriz". Mas por que não conservá-la? Assim se cria uma dobra a mais. Sigamos nos servindo ainda desta figura de anatomia ou de impressão para nos perguntar se um programa e um espaço de engendramento já tinham encontrado seu lugar no século XIX, abrindo assim todas as configurações nas quais se comprometeram ou se desenvolveram as lutas feministas nessa segunda metade do século XX. E isso em todas as frentes, quer se tratasse de reivindicações sociopolíticas, quer se tratasse de alianças com outras forças, de alternâncias de compromisso e de radicalismo, de estratégia de discurso e de escritas, da teoria ou da literatura etc. Somos geralmente tentados a pensar neste programa, e de concluir na estática de uma simples combinatória, com tudo o que ela pode ter de interminável e de exaustiva; sim, exaustiva porque ela recorre sempre ao mesmo fundo de possibilidades e, logo tão fastidiosa por causa da repetição que se segue.Este é apenas um dos paradoxos. O desenvolvimento das lutas atuais é extraordinário na sua extensão quantitativa, pelos seus progressos, pelas massas que levanta lentamente, na Europa, m...
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