Este artigo trata da análise da atividade desenvolvida por um grupo de mulheres, em uma cidade do interior da Região Nordeste do Brasil, que se dedicam a um artesanato denominado “labirinto”. Trata-se de um bordado trabalhoso, utilizado para produzir peças de decoração e vestuário. O objetivo do estudo é verificar a relação das condições e da organização do trabalho e a saúde das labirinteiras. Foram utilizados os aportes teóricos da ergonomia da atividade e da psicodinâmica do trabalho, por permitirem analisar o trabalho real e as vivências subjetivas de prazer e sofrimento ligadas ao trabalho. Como instrumentos metodológicos, foram utilizadas observações, entrevistas individuais e entrevistas em grupo. Os resultados indicam que se trata de uma atividade majoritariamente desenvolvida por mulheres que se acham inseridas no mercado informal de trabalho. O processo, a organização e as condições de trabalho tornam essas trabalhadoras dependentes de comerciantes intermediários, em situação vulnerável para a saúde e sem poder de mobilização para se organizarem em cooperativas de trabalho.
Tem-se por objetivo discutir a abordagem dos riscos ocupacionais segundo dois enfoques: o tributário às metodologias tradicionais em segurança do trabalho, cujo enfoque de análise é o das normatizações determinadas por técnicos especializados na área e, outro, que propõe a participação dos trabalhadores. Como abordagem participativa, a referência é a Psicodinâmica do Trabalho e a Ergonomia. A revisão da literatura indica que, embora haja esforço em implantar políticas públicas e de gestão, via participação mais efetiva dos trabalhadores, observa-se, ainda, uma supremacia de metodologias tradicionais na análise dos riscos ocupacionais. Analisam-se suas causas reafirmando a necessidade de novos enquadres teórico-metodológicos.
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