Este artigo pretende discutir os processos de nomeação operados pela escrita contemporânea, especialmente, no trabalho de duas poetas, Paula Glenadel e Nathalie Quintane, em seus livros respectivamente, A fábrica do feminino (2008) e Chaussure (1997). Serão tomados em consideração nesta reflexão os gestos que formulam definições, aplicam atributos, criam tropismos e, simultaneamente, os desconstroem, na medida que colocam o próprio processo de nomeação em xeque nessa experiência de escrita. Com isso, se estabelece uma relação entre voz (querer dizer) e linguagem (ser obrigado a dizer) que implica o enfrentamento de uma das formulações mais radicais da poesia moderna, a saber, reelaborar a relação entre a escrita da poesia – do verso – e a produção de um pensamento que se mantenha ético. Esse processo de nomeação e renomeação será denominado aqui de teatralidades da linguagem.
Resumo Nas histórias literárias do Ocidente, a ideia de natureza foi vinculada ao problema do pertencimento. As questões relativas ao espaço originário se desdobram em outras demandas para a crítica literária. Em gestos que tentam encenar questões do pertencimento-não pertencimento ao espaço, os trabalhos de Josely Vianna Baptista e Lucrecia Martel estabelecem “lugares” para “situar” as relações entre voz e linguagem/ natureza e escrita. Seus efeitos são esvaziados de finalidade e, com isso, deixam ver uma segunda natureza dependente de um novo tipo de copertencimento dado por novas relações ontológicas derivadas de outros usos do ato de nomear. O objetivo deste estudo é analisar os modos pelos quais essa disposição se materializa no poema-vídeo Nada está fora do lugar de Josely V. Baptista e no longa-metragem Zama de Lucrecia Martel.
Propõe-se com este artigo refletir tanto sobre a produção poética quanto a sua crítica, tanto sobre a história da poesia quanto da história da crítica. Elas não são discutidas como instâncias separadas, mas, ao contrário, serão tomadas como práticas de uma mesma teoria/pensamento sobre a arte. A crítica de poesia contemporânea no Brasil tem que enfrentar alguns desafios propostos pelo modo de se produzir poesia no presente. No lugar de impor as mesmas exigências e cobranças das práticas críticas idealistas e utópicas à poesia e de responder com paráfrases de velhos debates aos desafios do presente, a crítica tem diante de si a poesia a tarefa de também tentar elaborar sentidos para a cultura do contemporâneo, o que implica sempre uma relação de interpretação com o passado e com a tradição. Longe de ser diagnosticado como um processo de "retradicionalização", "formalização" e "esteticização" dos problemas da cultura, a produção de poesia produz uma análise do tempo presente tão ou mais eficaz do que vem atribuindo-lhe certos setores da crítica.
Propõe-se uma discussão sobre que tipo de análise podemos empreender com o Guia de Ouro Preto (1938) e com o poema “Ouro Preto” (1940), ambos de Manuel Bandeira. A relação com o visual tanto do guia quanto do poema está marcada por um ponto de vista modernista frente à cidade colonial. As imagens ali figuradas não estão pensadas numa relação de ausência-presença, mas sim na possibilidade de fixarem-se como pedra monumental, como memória. A análise aqui empenhada propõe-se a interrogar sobre a respiração do tempo nas imagens das obras e também se propõe a descobrir as afinidades paradoxais entre o ar e a pedra, isto é, entre a atmosfera e a matéria daquela arte dita colonial, afinidades essas que reencenam as relações entre a dança e a sepultura do modernismo com a arte colonial, portanto, barroca.
ResumoPartindo do estado da questão do problema aqui proposto, este estudo não quer dar uma resposta deinitiva à questão «o que é a literatura?» ou, ainda, «o que é a poesia?» por não compreendê-lo dentro de uma lógica disjuntiva. Uma resposta positiva a essa questão anula a possibilidade de compreender a poesia na sua singularidade e insere a literatura na lógica da revolução, ou seja, no câmbio de uma autoridade por outra. Este estudo pretende desenvolver uma correlação entre os usos da teoria pela críti-ca brasileira de poesia e a produção crítica propriamente dita. Para tal, serão analisados alguns textos críticos de autores brasileiros. Parte-se da hipótese de que há consequências no uso de uma deinição do que seja poesia -questão de fundamental interesse para teoria-por parte da crítica, pois essa deinição prévia determina a escolha dos métodos utilizados na sua análise, bem como já aponta para um resultado predeterminado pela própria deinição de poesia ou, ainda, de literatura. A questão mais importante que se desdobra dessa análise é, portanto, que o problema teórico é sempre deinidor de escolhas dos modos de ler e, consequentemente, de sua inscrição no âmbito cultural e estético, assim como na própria deinição do saber crítico. Palavras-chave: Crítica literária AbstractBased on the state of the question of the problem presented here, this study is not to give a deinitive answer to the question «What is literature?» Or even «what is poetry?» Not to understand it within a disjunctive logic. A positive answer to this question negates the possibility of understanding poetry in its uniqueness and inserts literature on the logic of revolution, an authority in exchange for another. his study aims to develop a correlation between the uses of theory by Brazilian critics of poetry and critical production itself. his will be analyzed some critical texts by Brazilian authors. It starts with the assumption that there are consequences to using a deinition of what poetry is -a matter of fundamental interest for theory-by the critics, because this previous deinition determines the choice of methods used in their analysis, as well as points to an outcome predetermined by the very deinition of poetry, or even literature. he most important issue that unfolds from this analysis is therefore that the theoretical problem is always the deining choiDossier
Este ensaio visa estudar as "correspondances" operadas em As flores do mal considerando sua característica de procedimento poético que testemunha uma concepção crítica simultaneamente "pré" e "pós-moderna" nos poemas ali reunidos. As "correspondances" serão consideradas na relação entre procedimentos de figuração poética e a historicidade "natural" das formas, e observadas a partir de um ponto de vista anacrônico, que, segundo Walter Benjamin, produz uma experiência poética cuja temporalidade é organizada com base na idéia de fluxo imemorial.
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