As famosas palavras acima constam do prefácio à Teoria das cores, um escrito em que Goethe polemiza com Isaac Newton e que até hoje desafia o pensamento que se debruça sobre as difíceis relações entre arte e ciência, relações essas que por sua vez se desdobram em tantas outras, em campos variados como psicologia, filosofia e poesia, num âmbito que hoje diríamos interdisciplinar. E essas palavras também se encontram referidas na alusão com que Benjamin finaliza seu primeiro escrito sobre a arte da fotografia: "Novidades das flores" [Neues von Blumen], publicado pela primeira vez em 1928 na Literarische Welt e que traduzimos aqui para o número especial da revista Cadernos benjaminianos. Com essa tradução queremos oferecer aos leitores, e a essa leitora especial que é Jeanne Marie, um provisório exercício de leitura, que não pretende mais do que retribuir aquele olhar -solar -da professora que nunca abdicou de sua tarefa de transmissão, acendendo sempre em seus ouvintes aquela divina fagulha de uma reflexão, da qual cada um está livre para se apossar para reelaboração própria. A solaridade gagnebeniana é certamente, t ambém, segundo a audaciosa suposição benjaminiana, afim ao princípio criador por excelência, aquele "princípio feminino vital e vegetal", a um tempo "astucioso, flexível e onipresente."Com a tradução dessa breve mas imaginativa resenha sobre o livro de fotografias de Karl Blossfeldt, gostaria de prestar um tributo não apenas a Jeanne Marie, leitora, comentadora, professora, mas também ao próprio Walter Benjamin, autor ao qual ela dedicou grande parte de seus estudos acadêmicos e cuja atividade de resenhis ta ainda é relativamente pouco conhecida entre nós. Espero que tais flores benjaminianas, em sua versão traduzida, possam estar à altura do florilégio de homenagens que o presente volume enseja e possam animar outras traduções futuras.