Raça se constitui como um determinante histórico, social e político produtor de desigualdade racial. Isto tem limitado a população negra em sua participação social. Este ensaio procura realizar reflexões sobre a emergência de uma formação e prática antirracista na terapia ocupacional, tendo a terapia ocupacional social como referencial teórico-metodológico. Realizou-se primeiramente uma revisão narrativa em que se buscou trabalhos sobre terapia ocupacional e população negra, no intuito de abrir caminhos para o debate. Na revisão identificouse a incipiência da discussão sobre o tema, o que exige avanços quantitativos e qualitativos, dentro do pequeno universo de publicações as produções vinculadas a terapia ocupacional social se ressaltam. Em termos de formação, apesar das limitações das orientações nacionais e internacionais, há documentos que apontam para a necessidade de pautar as problemáticas de grupos sociais específicos, contudo, ainda se faz importante que essas diretrizes tratem as questões que envolvem a população negra de maneira mais evidente. No que diz respeito à prática, entende-se que há a possibilidade de intervenções terapêutica-ocupacionais serem intencionadas para práxis antirracistas, contribuindo para a justiça e igualdade racial, em que os sujeitos negros tenham reconhecimento e acesso aos seus direitos e se entendam como capazes de realizar movimentos de transformação, na dimensão macro e microssocial. Apesar das limitações é importante reconhecermos a necessidade de debater esse tema e as potencialidades das nossas ações, para que possamos unir forças para seguirmos na busca de uma práxis técnicopolítica que para além de não ser racista seja antirracista.
Em uma sociedade racialmente desigual as pessoas negras vivenciam cotidianos atravessados pelas manifestações do racismo, que é histórico, estrutural e institucional. Sendo assim, as problematizações que cercam essa população revelam-se importantes para a terapia ocupacional, que tem como foco a participação das pessoas na vida cotidiana. Objetivamos incitar algumas provocações na busca pela abertura de um diálogo/convite aos terapeutas ocupacionais para se haverem com as temáticas que envolvem a população negra em suas práticas e produções de conhecimento. Nossa reflexão inicia-se a partir da compreensão de que a realidade dos povos negros é marcada pelas asfixias sociais e genocídio das crianças e jovens, desencadeando movimentos como o Black Lives Matter em todo mundo, inclusive no Brasil. Após, evidenciamos que o contexto do racismo atrelado aos abismos da desigualdade e deflagrados pela pandemia de COVID-19 provocam a política da morte direcionada a população negra. Sequencialmente, sinalizamos a necessidade deste debate, possibilitando a construção de uma assistência e produção de conhecimento comprometidas com práticas emancipatórias; e destacamos a ampliação do número de grupos que se voltam para a questão, possibilitando a construção dos diversos saberes sobre e para a população negra e das ações técnico-políticas para a terapia ocupacional. Por fim, apontamos que a prática antirracista da terapia ocupacional coloca-se como um determinante ético, político e técnico para a realização de ações que vislumbrem a justiça racial e social na vida de sujeitos negros e não-negros em uma sociedade racializada.AbstractIn a racially unequal society, black people experience everyday life crossed by the manifestations of racism, which is historical, structural and institutional. Thus, the problems that involve this population are important for occupational therapy, which focuses on people's participation in everyday life. We aim to incite some provocations searching for an open dialogue and invitation to occupational therapists to enter the themes that involve the black population in their practices and knowledge production. Our reflection begins with the understanding that the reality of black people are marked by social asphyxiation and the genocide of children and young people, causing movements like the Black Lives Matter worldwide, including in Brazil. Afterwards, we highlight that the context of racism linked to the abyss of inequality and accentuated by the pandemic of COVID-19 provokes the policy of death directed to the black population. Sequentially, we pointed the need for this debate, enabling the construction of assistance and knowledge production committed with emancipatory practices; and we highlight the expansion of the number of groups focused on this debate, enabling the construction of different knowledge about and for the black population and technical-political actions for occupational therapy. Finally, we point out that the anti-racist practice of occupational therapy is an ethical, political and technical determinant for carrying out actions that look for racial and social justice in the lives of black and non-black population, in a racialized society.Keywords: Black Population; Occupational Therapy; Racism. ResumenEn una sociedad racialmente desigual las personas negras experimentan la vida cotidiana atravesada por las manifestaciones del racismo, que es histórico, estructural e institucional. Por lo tanto, los problemas que rodean a esta población son importantes para la terapia ocupacional, que se centra en la participación de las personas en la vida cotidiana. Nuestro objetivo es incitar algunas provocaciones en la búsqueda de abrir un diálogo y invitación a terapeutas ocupacionales para tratar los temas que involucran a la población negra en sus prácticas y producción de conocimiento. Nuestra reflexión comienza con la comprensión de que la realidad de los negros está marcada por la asfixia social y el genocidio de niños y jóvenes, lo que desencadena movimientos como Black Lives Matter en todo el mundo, incluso en Brasil. Posteriormente, mostramos que el contexto de racismo vinculado al abismo de la desigualdad y provocado por la pandemia de COVID-19 provoca la política de muerte dirigida a la población negra. Secuencialmente, señalamos la necesidad de este debate, permitiendo la construcción de asistencia y producción de conocimiento comprometidos con prácticas emancipatorias; y destacamos la expansión del número de grupos que se enfocan en el tema, permitiendo la construcción de diferentes conocimientos sobre y para la población negra y acciones técnicas y políticas para la terapia ocupacional. Finalmente, señalamos que la práctica antirracista de la terapia ocupacional es un determinante ético, político y técnico para llevar a cabo acciones que prevean la justicia racial y social en la vida de los sujetos negros y no negros en una sociedad racializada.Palabras clave: Población Negra; Terapia Ocupacional; Racismo.
A avaliação constitui etapa essencial no processo terapêutico ocupacional, entretanto, a produção de conhecimento sobre esta temática no cenário nacional é ainda escassa. Este trabalho tem por objetivo analisar a percepção de terapeutas ocupacionais sobre os processos de avaliação que realizam nos serviços que atuam na atenção à saúde mental de um município do interior de São Paulo, Brasil. Trata-se de um estudo exploratório, descritivo e de natureza qualitativa. Para tanto, foram analisados relatos pertinentes ao material coletado em campo, resultante da realização de 14 entrevistas semiestruturadas com os terapeutas ocupacionais, assim como a aplicação de questionário contendo perguntas abertas e fechadas. Os resultados obtidos evidenciaram que os terapeutas ocupacionais eram prioritariamente do sexo feminino, com média idade de 35 anos. Atuavam em diferentes serviços da Rede de Atenção Psicossocial do município - Centros de Atenção Psicossocial tipo, III, álcool e outras drogas, Serviço de Geração de Renda e Enfermaria de Psiquiatria em Hospital Geral. Constatou-se que os profissionais utilizavam diversas estratégias avaliativas, embora não utilizassem instrumentos padronizados e validados específicos da Terapia Ocupacional. Os entrevistados referiram avaliar os usuários em diferentes momentos (triagem, acolhimento e ao longo do processo de acompanhamento) e ressaltaram a importância da avaliação em outros contextos, no caso, o domicílio. As principais demandas dos usuários identificadas nos processos avaliativos relacionavam-se às dificuldades de realização nas atividades cotidianas. A análise dos resultados obtidos evidenciou a necessidade de que outros estudos possam ser desenvolvidos contribuindo assim para o oferecimento de um cuidado cada vez mais qualificado.Abstract The evaluation is an essential step in the occupational therapeutic process, however, the production of knowledge about this subject in the national scenario is still scarce. This study aims to analyze the perception of occupational therapist about the intervention process they perform in the mental health care services of a municipality in the interior of São Paulo, Brazil. This is an exploratory and descriptive study of a qualitative nature. In orderto do so, we analyzed pertinent reports on the material collected in the field, resulting from the accomplishment of 14 semi-structured interviews with the occupational therapists, as well as the application of a questionnaire containing open and closed questions. The results showed that occupational therapists were primarily female, with a mean age of 35 years. They worked in different services of the Psychosocial Attention Network of the city - Psychosocial Attention Centers type III, alcohol and other drugs, Income Generation Service and Psychiatric Nursing in General Hospital. It was found that professionals use several evaluative strategies, although they do not use standardized and validated instruments specific to occupational therapy. They refer to evaluating the users at different times (screening, reception and during the follow-up process) and emphasize the importance of evaluation in other contexts, in this case, the home. The main demands of the users identified in the evaluation processes related to the difficulties of accomplishment in daily activities. The analysis of the obtained results evidenced the need for other studies to be developed, thus contributing to the provision of increasingly qualified care.Key words: Evaluation; Mental health; Occupational therapy. Resumen El procedimiento de evaluación es un paso esencial en el proceso de terapia ocupacional, sin embargo, la producción de conocimiento sobre este tema en la escena nacional es todavía escasa. Así, este trabajo tiene por objetivo analizar la percipción de terapeutas ocupacionales sobre los procesos de evaluación que realizan en los servicios que actuán en la atención a la salud mental de un município del interior de São Paulo, Brasil. Se trata de un estudio exploratorio y descriptivo de naturaleza cualitativa. Por lo tanto, los informes se analizaron relevante para el material recogido en el campo, como resultado de la finalización de 14 entrevistas semiestructuradas con terapeutas ocupacionales, así como la aplicación de un cuestionario con preguntas abiertas y cerradas. Los resultados mostraron que los terapeutas ocupacionales eran principalmente mujeres, edad media 35 años. Se trabajó en diferentes departamentos de la Red de Atención Psicosocial del municipio - psicosocial tipo de centros de atención, III, alcohol y otras drogas, Servicio de Generación de Ingresos y Psiquiatría Ward en el Hospital General. Se encontró que los profesionales utilizan diversas estrategias de evaluación, pero no utilizan instrumentos estandarizados y validados terapia ocupacional específica. Refere evaluar usuarios en diferentes momentos (triaje, larecepción y todo el proceso de supervisión) y hacer hincapi é en la importancia de la evaluación en otros contextos, en este caso la casa. Las principales demandas de los usuarios identificados en los procesos de evaluación fueron relacionados con las dificultades de realización en las actividades diarias. El análisis de los resultados mostró la necesidad de realizar más estudios puede ser desarrollado que contribuye a ofrecer una atención cada vez más especializada.Palabras clave: Evaluación; Salud mental; Terapia ocupacional.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.