<p>Este artigo pretende verificar a representação da mulher como objeto de voyeurismo e fetichismo através da exposição da nudez no filme Carmem de Vicente Aranda e a forma de representação da personagem na novela homônima de Prosper Mérimée, e o citado filme. Para tanto, propomos, em nossa análise, o entrelaçamento teórico entre as questões do erotismo – sexualidade e identidade – e gênero. Em se tratando das representações de Carmem, tanto no texto literário quanto no cinema, o que prevalece são as representações da mulher demônio em oposição à mulher santa. Acreditamos que essa forma de representação que coloca a personagem entre os sentimentos masculinos de atração e repulsa, é resultado da própria idealização masculina a respeito da mulher, fruto do discurso dominante sobre a mulher e o erotismo que culmina no processo de construção dos estereótipos femininos, construído e fixado ao longo da história da civilização ocidental. Nesse sentido, buscaremos fundamentar nossa pesquisa nos estudo sobre cinema, identidade e erotismo, fundamentados por teóricos(as) e estudiosos(as) como Anne Kapla, Flores Nogueira Diniz, Renato Cunha, Judith Butler, Otavio Paz, Georges Bataille, dentre outros. </p>
RESUMO Este artigo pretende discutir a possibilidade de subversão dos estereótipos atribuídos à mulher por meio da análise da representação da personagem Carmen entre o texto fonte e as adaptações cinematográficas inspiradas na narrativa de Mérimée e/ou na ópera de Bizet. O objetivo é perceber os mecanismos utilizados para a construção da personagem a partir de Uma teoria da adaptação de Hutcheon além de outros autores.
Neste artigo, examinamos o modo de representação da personagem Carmen, originária da narrativa de Prosper Mérimée, a partir da análise das configurações do narrador e dos aspectos que caracterizam a personagem, a fim de observar a presença do discurso da misoginia, diluído entre outros discursos, na constituição da personagem sob o estereótipo da mulher-demônio, em comparação com as formas de representação mitológicas das deusas lunares, principalmente na forma da Lua Negra, que pode corresponder a Lilith, Circe, e Diana, dentre outras. Também observamos a presença simultânea dos dois polos de representação da mulher (santa e demônio), constatada em comparação às representações das deusas lunares e de Carmen. Para tanto, partimos do exame da narrativa de Mérimée, levando em consideração os contextos histórico e literário, que podem ter influenciado o autor na produção da obra, bem como os aspectos que colaboraram para a cristalização dos estereótipos e a transformação da personagem em demônio, “monstrualizada” em consequência da alteridade e da sexualidade. Para fundamentar nossa discussão, lançamos mão dos estudos de Roberto Sicutere, Jerome Cohen, Angela Arruda, Margarete Rago, Jean Delumeal e Hoaward Bloch, dentre outros.
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