Este artigo discute a didascália contemporânea enquanto modo de construir e expor a cena teatral como espaço poético no qual a palavra falada assume (e novamente expõe) seu lugar como elemento mediador entre a imaginação do espectador e a concretude da configuração cênica. Parto da compreensão de que a informação didascálica levanta no interior do código teatral a questão da fundamentação da escrita, seja ela textual ou cênica. Mostro que a rubrica contemporânea exerce uma função teatralizante – ou seja, estabelece uma cena relacional e não substancial, no que diz respeito à associação das linguagens cênicas, ao vínculo entre palavra e corpo do ator bem como à configuração do eixo comunicativo entre cena e espectadores. Ela sugere essa poética relacional ao espectador e dessa maneira enfatiza a estrutura coral da cena contemporânea.
O presente artigo discute o flashmob e o rolezinho no que diz respeito a suas eficácias transgressivas e/ou conciliatórias. Discutimos suas diferentes estratégias estéticas para tornar visível algo que se mantém cotidianamente invisível no espaço público, sobretudo sob a ótica do litígio socioeconômico. Refletimos sobre as lógicas com quais as duas práticas propõem o que Jacques Rancière chama de “partilha do sensível”, a percepção do espaço comum e, nele, a participação do público por meio da ação coletiva. Argumentamos que os flashmobs conciliam os espectadores-participantes com o status quo e seguem a lógica homogeneizante ou policial, enquanto os rolezinhos abrem as contradições da sociedade brasileira e reorganizam o espaço compartilhado conforme uma lógica genuinamente política.
Este artigo analisa o texto contemporâneo como proposta de um arranjo cênico para expor o trabalho formativo da linguagem quando encontra o ser humano e passa por seu corpo na concretude dos corpos dos atores. Ele exemplifica essa visão por meio de uma leitura estrutural e temática de dois exemplos da dramaturgia textual brasileira: Vida de Márcio Abreu e Pinokio de Roberto Alvim.
A partir de uma perspectiva historizante, este texto apresenta uma reflexão sobre diferentes imaginações e concepções do espaço cênico. Articula parâmetros científicos e estéticos, socioculturais e antropológicos para refletir sobre as relações entre as situações socioeconômicas e políticas nas quais se encontram o Brasil – e com variantes regionais os outros países latino-americanos – e os processos de configuração espacial que acabaram de manifestar-se nesse século XXI com cada vez mais insistência. Dessa maneira, evidencia criticamente os contextos conceituais das práticas sobre quais os artigos desse dossiê refletem, e chama atenção à ausência das grandes vozes estabelecidas da cenografia brasileira no discurso refletivo sobre esses processos na cena brasileira e latino-americana do século XXI.
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