Este texto tem como objetivo apresentar elementos empíricos recentes sobre a inserção dos jovens no mercado de trabalho. Como ponto de partida, trata-se da transição entre escola e trabalho para o contingente amplo de indivíduos de 6 a 25 anos. Como a idade de 18 anos caracteriza um limite natural a partir do qual o trabalho é mais importante que a escola, examinam-se as mudanças de inserção no mercado de trabalho dos jovens de 18 a 25 anos entre 1996 e 2005, o que evidencia a sua situação particularmente vulnerável num quadro de mudanças estruturais, que afetam todos os trabalhadores. Considerando a baixíssima qualificação de 30% desses jovens, que não completaram o ensino fundamental, medidas de política pública voltadas para a redução drástica do seu déficit educacional se configuram como a forma mais efetiva de reduzir a vulnerabilidade dos jovens e melhorar as condições de sua inserção no mercado de trabalho.
Este artigo traz resultados empíricos relativos à incidência de pobreza e de indigência do ponto de vista da renda, baseados nos resultados da PNAD 2004. Trata especificamente das tendências de espacialização da pobreza, assim como dos eventos intervenientes recentes no que concerne ao funcionamento do mercado de trabalho e à formação da renda das famílias. O forte declínio da pobreza e da indigência entre 2003 e 2004, que foi o melhor resultado obtido desde o Plano Real, constitui o pano de fundo para a análise, embora os efeitos observados sejam diferenciados, mais favoráveis em áreas rurais e mais adversos na metrópole de São Paulo. O aumento da renda das famílias é devido principalmente à expansão da ocupação, já que o rendimento do trabalho manteve-se constante. No entanto, os indivíduos mais pobres se beneficiaram da redução do retorno à educação, do aumento real do salário mínimo e da ampliação da cobertura da rede de proteção social, que resultaram numa maior melhoria da renda na base da distribuição, permitindo também a queda da desigualdade.
RESUMO Este artigo tem como objetivo explorar evidências empíricas sobre a clientela benefi ciária dos "novos" programas de transferência de renda do governo federal a partir da utilização dos microdados do questionário principal e do suplemento específi co da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios -PNAD. Além do descasamento entre os registros ofi ciais e as informações da pesquisa domiciliar, estas últimas revelam uma forte superposição de programas em setembro de 2004. Dados os critérios de elegibilidade do Bolsa-família, analisou-se também sua focalização e cobertura, o que permitiu dimensionar a clientela elegível e não benefi ciá-ria da ordem de 5 milhões de domicílios. A imputação simulada de transferência monetária a toda clientela elegível, mas não benefi ciária, permitiu mensurar o impacto esperado sobre indicadores de pobreza e de desigualdade de renda.
Depois de um breve retrospecto da evolução das transferências de renda focalizadas nos pobres no Brasil, este artigo analisa a evolução recente do programa Bolsa Família no que diz respeito à focalização e cobertura da sua população alvo, utilizando informações do suplemento das PNADs 2004 e 2006. Apesar de o programa ter atingido sua meta de atendimento de 11 milhões de domicílios ao final de 2006, há evidências de que cerca de 3,4 milhões de domicílios elegíveis ainda se encontram a descoberto. Simulações evidenciam que garantir a cobertura de todos os domicílios elegíveis tem maior impacto sobre os indicadores de pobreza que conceder o novo benefício, criado em 2008, aos jovens nos domicílios já atendidos pelo programa.
Summary The aim of this article is threefold. Firstly, to present income-based poverty and extreme poverty indicators for 2015, when the macroeconomic crisis led to a generalized deterioration affecting all areas and regions. The second aim is to discuss long-term evolution, emphasizing the period since 2004, when sustained improvement of income indicators as well as convergence of regional and area results began. Considering the period from 2004 to 2014/2015, the third aim is to show that the reduction in poverty and extreme poverty was parallel to increased inequality in poverty regarding two critical aspects: the regional aspect, since inequality among the five regions became higher, thus reinforcing the dichotomy between the North/Northeast versus the Centre-South; the age aspect, because the recent improvements since 2004 have not sufficiently benefited children as to reverse their disadvantaged position, so much so that in 2015 children still had a share in poverty that was twice their share in the total population. The last section concerns policy measures that may reduce the impact of the crisis on the poor.
Resumo -Este texto tem um duplo objetivo. Por um lado, apresentar as vantagens de se adotar, para fins de diagnóstico e planejamento, um quadro de referência espacial de abrangência nacional, em que as unidades de área têm tamanho populacional semelhante. Por outro lado, exemplificar o uso desta malha espacial, constituída pelas chamadas Unidades de População Homogênea (UPH), no estabelecimento de indicadores de pobreza extrema no Estado do Rio de Janeiro. Os indicadores em nível de UPHs permitem evidenciar a heterogeneidade intramunicipal -que é mascarada quando se utiliza a malha municipal -, assim como orientar em relação às prioridades de política pública no Estado. Utilizando critérios de contigüidade, homogeneidade e tamanho populacional, o processo de construção das UPHs no Estado do Rio de Janeiro resultou em 138 unidades. O texto apresenta uma espacialização da pobreza extrema com base em indicadores em nível de UPH, e os coteja com resultados em nível municipal.Palavras-chave -Espacialização, Pobreza, Rio de Janeiro.JEL -I32; R59.
IntroduçãoA permanência da questão da pobreza na pauta das preocupações centrais da sociedade brasileira na última década permitiu que muito se * Este artigo baseia-se num texto mais abrangente, que se refere a resultados empíricos relativos ao Brasil como um todo (Rocha e Albuquerque, 2004).
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