O estudo analisa como os trabalhadores rurais vivenciam os programas educacionais que afirmam, em seu discurso, tratar-se de um direito, entendido como um processo que não diz respeito apenas às garantias formais, inscritas nas leis, mas ao modo como as relações sociais se estruturam. A pesquisa buscou identificar os fatores explicativos da persistência dessa população em processos educacionais marcados por dificuldades e insuficiências, examinando em que medida o direito à educação vem sendo instituído no campo. O trabalho foi realizado em Baturité, Ceará, em 2005/2006, e contou com observações de aula de educação de jovens e adultos em três comunidades rurais; dinâmicas de grupo; entrevistas com sindicalistas, professores e estudantes do campo, membros de associações e técnicos governamentais. As histórias de escolarização revelam roteiros de dificuldades e destituições, mostram que a educação de jovens e adultos no campo se faz em negativo e mantém-se fora da agenda das associações, sindicato e conselhos. Conclui-se que a experiência configura mais uma destituição do direito do que sua construção e que somente políticas participativas bem estruturadas e mobilizações contundentes possibilitariam o exercício do direito à educação no campo.
IntroduçãoEste artigo examina questões relacionadas à política e às formas participativas construídas pela sociedade civil brasileira, em particular pelos trabalhadores rurais do Nordeste do Brasil. O exame de várias questões se fez em torno de uma indagação tomada de empréstimo da socióloga Vera da Silva Telles (1994, 1999), assim formulada: numa sociedade como a brasileira, atravessada por ambigüidades, pode a cidadania se enraizar nas práticas sociais? Buscando analisar aspectos da realidade que me permitiram formular interpretações acerca da problemática da participação e da política, o artigo está estruturado em duas partes. Na primeira, que se intitula "Construindo uma compreensão da política e da esfera pública", efetuo uma sistematização das questões que conduziram a reflexão e a metodologia construída na experiência investigativa. A segunda parte, denominada "A política vivenciada pelo trabalhador rural nos espaços públicos: a esfera pública em construção", traz uma análise bastante resumida das experiências participativas; possui caráter conclusivo, em função da necessidade de atender às limitações do espaço de um artigo. Construindo uma compreensão da política e da esfera públicaA pesquisa teve início a partir de uma pergunta básica: qual o significado da política na sociedade contemporânea? Como o homem comum -homem simples, personagem anônimo das pequenas e grandes cidades -concebe e vivencia a política?Como atua politicamente esse homem simples, [...] que não só luta para viver todo dia, mas que luta para compreender um viver que lhe escapa porque não raro se apresenta como absurdo, como se fosse um viver destituído de sentido (Martins, 2000, p. 11).
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