Neste artigo, destacam-se as análises de Josué de Castro sobre a agricultura de sustentação presentes em um de seus principais livros: Geografia da Fome (1946), articulando-as ao contexto histórico e intelectual da época. O autor concebe o termo agricultura de sustentação ao se referir aos cultivos de sustento, especialmente aqueles existentes nos quilombos e no Sertão, que possibilitam a ampliação das possibilidades alimentares de uma região e que resultam diretamente no atendimento das necessidades da população. As influências para o desvendamento da importância da agricultura de sustentação no pensamento de Josué de Castro advêm tanto da sua trajetória de vida, das influências teóricas, bem como do contexto, dos espaços e grupos nos quais o autor circulou. Destacam-se aspectos considerados primordiais na consolidação de seu projeto político ancorado no combate à fome por meio do incentivo à agricultura de sustentação e do combate ao latifúndio e à monocultura como seus pilares essenciais.
O artigo objetiva apresentar, a partir das contribuições de Josué de Castro, elementos para entender que os processos geradores da fome no contexto de avanço da covid-19 são anteriores, porém agravados pela situação de calamidade. A fome endêmica configura-se no horizonte das populações em extrema pobreza, sendo que estas se encontram em uma escala ascendente nos últimos anos no Brasil, especialmente a partir de 2014. Aos estados endêmicos, agregam-se os epidêmicos ou pandêmicos decorrentes dos impactos do coronavírus. Apresentam-se também estratégias na luta contra a fome e a insegurança alimentar, entre elas, destacam-se as propostas elaboradas coletivamente por movimentos sociais, sindicais e entidades organizadas em torno da agricultura familiar, da reforma agrária, dos povos e comunidades tradicionais, da agroecologia e da soberania alimentar. Entre essas ações políticas, destacam-se em caráter emergencial a reforma agrária, as políticas de renda básica, saúde, revogação da Emenda Constitucional 95, abastecimento e segurança alimentar e nutricional e o fortalecimento da capacidade produtiva da agricultura familiar camponesa e dos povos e comunidades tradicionais. Esse conjunto de indicações busca lidar com os efeitos da pandemia do coronavírus e enfrentar o agravamento da fome que se anuncia diante desta crise. Reafirma-se assim a atualidade de Josué de Castro e a importância da construção de projetos e políticas integradas de combate à fome. Isto requer mudanças nas estruturas econômicas e sociais, em especial, nas ainda necessárias reformas nas estruturas agrárias do país, assim como nas políticas de abastecimento e de segurança alimentar e nutricional.
Aos integrantes do Projeto de Extensão Vivenciando a proposta pedagógica da UFPR-Litoral no Projeto de Assentamento Agroflorestal José Lutzenberger pelo apoio, carinho e troca de saberes constantes, em especial, aos camponeses que persistem resistindo na luta pela terra; Ao orientador, Fernando Antonio Lourenço, por suas inestimáveis sugestões e mediações, oriundas de seu comprometimento, de seus valores e de sua competência intelectual. Entre inúmeras outras qualidades, destaco seu inspirador e admirável jeito "roceiro" de ser, demonstrando a importância dos camponeses na história e suas imbricações sociais, culturais, econômicas e políticas.Aos amigos(as) que me incentivaram e colaboraram na efetivação desta tese, com um sorriso, um teto, uma correção de texto, uma tradução, uma fala ou um gesto
A questão agrária, enquanto um elemento fundamental para análise da realidade nacional, assim como para a formação e atuação do Assistente Social, remete-nos a pensar como essa questão se configuram na particularidade da formação sócio-histórica brasileira. Este artigo apresenta as principais análises de Josué de Castro sobre a agricultura de sustentação, bem como a relevância delas para se pensar projetos de vida e de trabalho no campo que se estabelecem em direção oposta aos princípios que regem os “grandes” empreendimentos agropecuários capitalistas. O termo agricultura de sustentação é utilizado por Josué para definir os cultivos que possibilitam a ampliação das possibilidades alimentares de uma região. Uma agricultura em que se encontram presentes relações de cooperação, policultivos, práticas sustentáveis em termos econômicos, sociais, ambientais e culturais. Josué destaca os históricos cultivos tradicionais, especialmente dos quilombolas e sertanejos, revelando a importância da agricultura de sustentação no combate a fome.
A compreensão da política social pública como uma política de todos que concretiza direitos representa um contraponto aos interesses individuais ou de grupos particulares. No entanto, a reprodução de práticas com a lógica do favor e/ou do personalismo ainda persiste na realidade brasileira, dificultando a efetivação da cidadania. Esta temática instiga diferentes profissionais ao questionamento das práticas de um passado que ainda se faz presente em um contexto de intensificação do neoliberalismo. Assim, este artigo analisa, por meio de levantamento bibliográfico e de análise de discurso, o legado e a continuidade de práticas regidas pela lógica do favor e do personalismo no atual contexto de restrição de direitos. Evidenciam-se aspectos da formação sócio-histórica brasileira, revitalizados nas relações público-privadas.
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