RESUMOEste artigo tem como objetivo examinar as contribuições que a incorporação dos conceitos de periferia urbana e efeito do território têm na análise de processos educacionais e curriculares em escolas localizadas em regiões de extrema pobreza. A especificidade e a complexidade do trabalho escolar em escolas da periferia, bem como as dificuldades verificadas nas práticas curriculares, motivaram a realização de duas pesquisas de doutorado que tiveram como campo empírico a Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre -RS. As concepções de periferia e hiperperiferia (ROSA, 2009, TORRES; et. al., 2003) e efeito do território (MAURIN, 2004;BRUNO;MENDES, 2014) foram centrais para os estudos realizados, desenvolvidos a partir da perspectiva da etnografia crítica e alicerçados nos pressupostos da Sociologia da Educação e dos Estudos Educacionais Críticos na compreensão da instituição escolar. Este artigo aborda, portanto, a utilização desses conceitos trazendo algumas conclusões das investigações realizadas com o objetivo de argumentar que essas ferramentas conceituais podem ser profícuas para a complexificação da análise de processos educacionais.
Palavras
Este artigo apresenta a experiência educacional da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre (RMEPOA) e os desafios para manter viva a herança de um projeto contra-hegemônico em tempos de avanços de políticas da Nova Direita. O texto é subsidiado por um conjunto de pesquisas, algumas das quais de base etnográfica, que no decorrer de mais de uma década vêm sendo realizadas nas escolas da rede. Demonstramos que as iniciativas ensejadas nesta rede de ensino se conectam às lutas por justiça social e justiça curricular, conceitos que apresentamos e discutimos no artigo. A análise dos dados obtidos nas pesquisas revela que com o passar do tempo a RMEPOA sofreu profundas transformações, sobretudo com a introdução de políticas que precarizaram a complexa estrutura do projeto Escola Cidadã, iniciativa de democratização vivida na RMEPOA entre 1989 e 2004. Concluímos mostrando que a memória dessa experiência e a capacidade criativa das escolas oferecem exemplos de lutas e da resistência propositiva dentro das escolas.
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