Pretende-se, aqui, refletir, na perspectiva dos direitos humanos, sobre o papel das políticas de assistência estudantil e de ações afirmativas para o acesso e a permanência de estudantes de camadas populares ao ensino superior, de onde foram historicamente excluídos pelas políticas de elitização das universidades brasileiras. Para tanto, o presente artigo assume a análise de documentos institucionais que constituem a fundamentação e instrumentalização das políticas de assistência estudantil e de ações afirmativas no âmbito da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), situada no interior da Bahia, no nordeste do Brasil. Parte-se do princípio de que o direito à educação e, neste caso, à educação superior, perpassa por várias questões sociais e de cidadania, dentre as quais a importância das políticas de assistência estudantil e de ações afirmativas, articuladas à criação de ambientes acadêmicos inclusivos, com autonomia, diversidade, solidariedade, respeito e igualdade de condições de aprendizagem. Conclui-se que a vivência plena da cidadania e da democracia social, econômica e cultural está intrinsecamente associada à garantia do direito a escolas e universidades, que são lugares de formação para todos os sujeitos de direitos humanos, indispensáveis para a promoção e efetividade da dignidade humana.
O objetivo que sustenta o presente artigo é discutir a interface Psicanálise e Educação. Para tanto, faz-se um percurso histórico pelas tentativas de aproximação entre os campos: parte da primeira década do século XX, quando os diálogos em torno da relação Psicanálise e Educação têm início com Sándor Ferenczi e Oskar Pfister, dentre outros autores contemporâneos de Freud, para em seguida transitar pelos estudos psicanalíticos no campo da Educação desenvolvidos no Brasil ao longo dos últimos 100 anos. Conclui-se que, transcorridos mais de um século da invenção de Sigmund Freud, os limites e alcances das interlocuções Psicanálise e Educação não cessam de (não) se inscrever, sobretudo a partir da década de 1990, mediante a realização de eventos científicos e publicações cada vez mais crescentes de livros, artigos, monografias, dissertações de mestrado e teses de doutorado produzidas no âmbito de uma pluralidade de linhas de pesquisas, em universidades brasileiras e internacionais.
Este trabalho aborda a questão da apre(e)ndizagem da escrita pelo sujeito-criança que chega à escola e é convidado pelo(a) professor(a) a marcar o papel. Partindo da compreensão de escrita como uma experiência singular e que está à prova do inconsciente, o artigo está estruturado em três seções: i) em “Da relação pais-bebê à relação pais-criança-escola”, buscamos elucidar o caminho da constituição do sujeito que chega ao chão da escola já marcado por ser objeto de desejo do Outro, imerso na história do seu psiquismo, simbolismos e vínculos afetivos; ii) em “A criança e o chão da escola: escrevendo no papel as marcas inscritas no inconsciente”, desvelamos o caminho dessas marcas mnêmicas, (re)pensando o lugar que a construção da escrita pode ter para a criança no espaço de aprendizagem; e iii) em “A criança, o adulto e a escrita como efeito da posição do sujeito na linguagem: reflexões a partir (e para além) do chão da escola”, trazemos o debate sobre o discurso social atribuído à escola, um discurso sustentado pela crença de que a aprendizagem da escrita oportuniza ao sujeito pertencente ao mundo da palavra e da linguagem acesso aos achados da ciência e às possibilidades de comunicação e inserção no laço social, apontando que a escrita é efeito da posição do sujeito na linguagem.
Resumo A Matemática, historicamente identificada no imaginário social como difícil e, portanto, feita para poucos, aparece no contexto escolar ora como fonte de prazer para alguns estudantes, ora como sofrimento para outros, que dela fogem sempre que possível. Destarte, neste trabalho, pretende-se compreender e analisar o trauma de estudantes com dificuldades de aprendizagem matemática sob a ótica psicanalítica, a partir de depoimentos de discentes universitários atendidos pelo Serviço de Apoio Pedagógico (SAP) da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB). Para tanto, recorreu-se à literatura psicanalítica freudiana sobre o trauma, num movimento que buscou entrelaçar as percepções teóricas e os testemunhos dos graduandos sobre seus desejos, medos e angústias no tocante à dialética saber/não-saber, partindo do pressuposto de que a sala de aula é um lugar de vida que oportuniza o encontro de histórias, desejos, subjetividades, prazeres e sofrimentos, onde professores e estudantes, muitas vezes já traumatizados nas relações com o saber, estão também envoltos pela dimensão do inconsciente que comparece à cena pedagógica. Dentre outras proposições, pensamos que a rejeição e o bloqueio mental em relação à Matemática escolar e a tudo o que dela se aproxime, ainda que inconscientemente, possa advir de possíveis relações traumáticas do sujeito com esse saber, tecidas ao longo de toda a constituição de sua história psíquica.
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