RESUMO:Nosso objetivo é destacar algumas questões concernentes ao problema da matéria e do movimento na filosofia de Bergson. Questões presentes em seu segundo livro, Matéria e memória, as quais indicam uma nova orientação de sua filosofia: a passagem da psicologia à metafísica; mais precisamente, a introdução do tema do movimento e da duração "fora de nós". O primeiro capítulo do livro, ao caracterizar o universo material como um conjunto de imagens, desempenha um papel fundamental nessa passagem, a qual efetivamente se dá no quarto capítulo, momento em que elabora uma metafísica da matéria. Para além desse contexto, é na direção de seu terceiro livro, A evolução criadora, que essa metafísica da matéria consequentemente aponta. PALAVRAS-CHAVE:Bergson. Matéria. Movimento. Percepção. Duração. 1.O Ensaio sobre os dados imediatos da consciência (1889) inaugura a filosofia de Bergson, trazendo à luz reflexões marcantes sobre o tempo interior. Tendo como origem a crítica à noção de tempo da física e, sobretudo, a constatação de que esse tempo não dura, tais reflexões introduzem a noção de duração, assim definida: "A duração totalmente pura é a forma que adquire a sucessão de nossos estados de consciência quando nosso eu se deixa viver, quando ele se abstém de estabelecer uma separação entre os estados presentes e os estados anteriores" (BERGSON, 1970, p. 67). Essa duração é, portanto, a duração da consciência, sucessão contínua, movimento indivisível de estados heterogêneos e dinâmicos que, ao mesmo tempo, se sucedem e se conservam: cada estado anuncia o estado seguinte e contém em si o estado que o precedeu, sendo, por conseguinte, como ressalta o texto tardio de O pensamento e o movente, "[...] prolongamento ininterrupto do passado num presente que penetra o futuro" (BERGSON, 1970(BERGSON, , p. 1273.
Resumo: Nosso objetivo é apresentar algumas considerações sobre a filosofia da natureza em Bergson, sobretudo, indicar como sua obra é a expressão de um esforço para articular seus diversos aspectos, ou seja, consciência, matéria e vida. Enfim, mostrar que essa articulação somente é possível por intermédio de uma ontologia da duração.Abstract: Our aim is to present some considerations about the philosophy of nature in Bergson, above all, to indicate how his work is the expression of an effort to articulate his various aspects, that is, consciousness, matter and life. Finally, to show that this articulation is only possible through an ontology of duration.
(BERGSON, 2008, p. 77). E, consequentemente, não pode dar conta de nossas lembranças, as quais são dele independentes.Por outro lado, há um protagonismo do corpo na percepção que é tanto mais acentuado quanto mais variadas e complexas forem suas ações e reações; por sua vez, essa variedade e complexidade dependem do número e da natureza dos mecanismos motores montados em seu interior. Esses mecanismos são a própria memória do corpo: sob sua forma a ação do passado é armazenada, ou, dito de outro modo, o "passado do corpo" sobrevive (BERGSON, 2008, p. 81-82).
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