RESUMO -O JovemMacho e a Jovem Difícil: governo da sexualidade no currículo. Este artigo analisa o processo de produção de subjetividades juvenis na interface do currículo escolar e do currículo do Orkut (rede social). O argumento desenvolvido é o de que a sexualidade, pautada na heteronormatividade, é acionada e intensamente regulada nos discursos investigados, tendo como efeito o governo da juventude. A regulação se dá por meio da tecnologia da zuação, a qual é composta por várias técnicas como o sarcasmo, a ironia, o deboche, o repúdio, o banimento etc. No caso dos garotos, há nos discursos uma declarada homofobia, demandando o jovem macho. Quanto às garotas, a regulação incide sobre a quantidade de parceiros nas práticas de ficar ou pegar, demandando a jovem difícil. Palavras-chave: Gênero. Sexualidade. Governo. Currículo. Juventude.ABSTRACT -The Macho Young Man and the Difficult Young Woman: government of the sexuality in the curriculum. This article refers to fragments of the school's curriculum discourses and the Orkut's curriculum (a social network website). The objective is to analyze the production of youthful subjectivities in the interface of the school's curriculum and the curriculum of Orkut. The developed argument is that the sexuality is a device set in motion in the school curriculum discourse and of the curriculum of the Orkut, for the government of youth. In these discourses it is possible to notice an intense regulation of the youthful sexuality guided in the heteronormativity. The regulation goes by the joking around technology, which is composed of sarcasm, irony, mockery, repudiation, interdiction, etc., techniques. In the boys's case, in discourses there is a declared homophobia, demanding the young macho man. As for the girls, the regulation reflects the number of dated partners, thus determining the difficult young woman.
Pessoas e máquinas estão cada vez mais conectadas por meio de um processo de intensa simbiose. As/os jovens são o alvo primordial desse processo, constituindo a subjetividade ciborgue. Este artigo analisa o processo de ciborguização da juventude na interface entre currículo escolar e currículo do Orkut (site de relacionamentos). A pesquisa que subsidia este artigo investigou a interface entre o currículo de uma escola pública de ensino médio e as comunidades e os perfis no Orkut das/os alunas/os dessa escola. O referencial teórico é constituído pelos estudos de gênero e de currículo, em uma perspectiva pós-crítica. O argumento desenvolvido é o de que as estratégias utilizadas em um currículo podem ser traduzidas no outro, por meio da interface entre eles, tendo como efeito ora a transgressão, ora o fortalecimento das fronteiras de gênero.
Vivemos em um contexto de rápidas transformações em inúmeras práticas sociais. Dentre elas, merece destaque a incorporação das tecnologias digitais nos processos cotidianos da condução da vida. Crianças e jovens estão cada vez conectadas/os ao ciberespaço. Temos uma geração ciborgue. Para atender às necessidades dessa geração, reivindica-se dentre outras coisas, uma formação docente que prepare efetivamente as/os novas/os professoras/es para o trabalho com esses sujeitos da contemporaneidade. Buscando atender a essa demanda, o objetivo do trabalho desenvolvido foi ciborguizar a formação docente. Para isso, as metodologias desenvolvidas incorporaram as tecnologias digitais nas atividades curriculares do curso de graduação em Pedagogia, alcançando 150 licenciandas/os. Nas práticas curriculares inovadoras aqui analisadas utilizaram-se diversificadas ferramentas tecnológicas para favorecer a aprendizagem efetiva e contribuir para a produção de conteúdo colaborativo. Conclui-se que a ciborguização curricular tende a favorecer os processos de aprendizagem das/os futuras/os docentes, motivando-as/os e aumentando o envolvimento delas/es com sua própria formação, além de prepará-las/os para inserir as tecnologias digitais no contexto da Educação Básica.
Este artigo analisa as subjetividades juvenis demandadas pelo discurso de algumas comunidades do Orkut (site de relacionamentos) que tratam da escola. Trabalha com conceitos dos Estudos Culturais como cultura juvenil; dos estudos de Michel Foucault como poder disciplinar, subjetivação; e do pós-panoptismo e sinoptismo. A participação em comunidades do Orkut é aqui compreendida como uma estratégia que leva a juventude a escrever sobre si. Por um lado, a maquinaria do Orkut funciona como uma espécie de dispositivo panóptico, por meio do acionamento de técnicas de visibilização e disciplinamento da juventude. Por outro lado, lança mão das relações de poder pós-panópticas no processo de produção das subjetividades. O argumento desenvolvido é de que os discursos das comunidades são heterogêneos e as relações de poder estabelecidas demandam certas subjetividades e produzem efeitos de verdade que atuam no sentido de divulgar a escolarização como vinculada à garantia de um futuro de sucesso.
O artigo busca identificar, descrever e analisar os processos e os efeitos da contrarreforma do Ensino Médio, regulamentada pela Lei nº 13.415/17, e a consequente perda de direitos sociais, especialmente para a juventude brasileira. O Ensino Médio no Brasil, última etapa da educação básica, tem sofrido frequentes reformas nas últimas duas décadas, propostas pelos governos nacionais ou por iniciativa dos próprios estados federativos. A partir da promulgação da Lei 13.415/17, privilegia-se, em um primeiro momento, a análise sobre os efeitos da contrarreforma para os sujeitos da escola (jovens estudantes e corpo docente). Em seguida, examina-se a proposta de organização curricular e a Base Nacional Curricular Comum para o Ensino Médio. Argumenta-se que a proposta de flexibilização reduz a educação básica à preparação para o mercado de trabalho, restringe e abrevia a oferta, amplia as desigualdades educacionais e oferece base legal para a privatização do ensino público. Conclui-se que a contrarreforma se configura como golpe à educação brasileira, pois não considerou o quadro geral do Ensino Médio atual (as condições de trabalho das/os docentes e a infraestrutura existente hoje nas escolas), os avanços e as orientações contidos no Plano Nacional de Educação (2014-2024), as experiências e os saberes dos sujeitos da escola e as pesquisas já desenvolvidas na área. O uso do conceito de contrarreforma potencializa a análise dos processos regressivos aos avanços dos direitos sociais diante dessa iniciativa.
Este artigo analisa dois contos de fadas contemporâneos para problematizar as prescrições de feminilidades presentes nas histórias clássicas dos contos de fadas e nos discursos reacionários que circulam na atualidade. Argumentamos, a partir do conceito de performatividade de Judith Butler, que, por um lado, a ofensiva antigênero prescreve que a mulher deve ser princesa e coloca em circulação um discurso reacionário que produz modos autorizados de se performar o gênero em conformidade com os contos de fadas tradicionais. Por outro lado, como forma de resistência, alguns contos de fadas contemporâneos tensionam as normas de gênero e acionam o discurso multicultural para re-existirem ao discurso reacionário ao produzirem modos outros de ser princesa. O referencial teórico se fundamentou na concepção de que o currículo é cultural, é um discurso que produz, autoriza, cria saberes e se desdobra em diferentes pedagogias. Nesse sentido, as narrativas dos contos de fadas, tão presentes no currículo endereçado a crianças, compõem um certo roteiro com relação às aprendizagens de gênero. Elas ensinam, há muito, normas para meninas e meninos, prescrevendo feminilidades e masculinidades tidas como normais. Mas, também podem ser potentes instrumentos para problematizar essas mesmas normas. Nas histórias analisadas é possível perceber a reivindicação de outros “atos performáticos de gênero” (BUTLER, 2019) em relação aos roteiros vividos pela princesa. A trajetória metodológica se deu por meio da análise de discurso de inspiração foucaultiana e mostrou que as narrativas fabricam modos outros de apresentar os comportamentos da princesa e pluralidade na caracterização dos corpos das personagens.
Considerando a dimensão educacional dos filmes pornôs, descrevemos e analisamos, neste texto, a pedagogia da masculinização na perspectiva pós-crítica curricular. Compreendemos que currículo não se restringe às disciplinas escolares, mas se constitui em diferentes espaços e artefatos culturais. A metodologia utilizada na investigação articulou elementos da netnografia e da análise do discurso, de inspiração foucaultiana, de quatro páginas do ciberespaço. Na produção de informações, nomeamos um conjunto heterogêneo de ditos, vídeos e imagens publicados em sites de currículo bareback. Neste artigo, nosso foco de análise é um conjunto de vídeos pornôs. O argumento desenvolvido é o de que há, nos vídeos pornôs, divulgados no currículo bareback, uma pedagogia da masculinização, a qual atua por meio de técnicas específicas, de modo a divulgar, ensinar e prescrever um certo modo de ser jovem homem barebacker, aquele que tem suas condutas prescritas pelas normas de gênero, as quais atuam em articulação com a sexualidade.
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