Em função das grandes transformações verificadas no mundo, na última década, ocorreu um rápido aumento na quantidade de cursos de Relações Internacionais (RI) no Brasil. Atualmente, há quase sessenta cursos em funcionamento. Percebe-se, todavia, é que nem sempre se asseguram condições adequadas para o funcionamento desses cursos. Deficiências podem ser observadas não só no corpo docente, como também nas bibliotecas, que muitas vezes não dispõem de acervo suficiente para atender às demandas das disciplinas ministradas. Juntamente com esses problemas, os egressos dos cursos de RI têm manifestado preocupações com sua inserção no mercado de trabalho, apesar de se encontrarem em uma área em plena expansão, e terem uma formação múltipla que os torna altamente competitivos. Neste artigo analisamos as condições sociais que criam a demanda pelo estudo das Relações Internacionais no Brasil, bem como as exigências legais e institucionais para o bom funcionamento dos cursos de graduação nessa área.
REVISTA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA Nº 12: 83-98 JUN. 1999 RESUMO Rev. Sociol. Polít., Curitiba, 12, jun. 1999, p. 83-98 I. INTRODUÇÃO Até a metade dos anos setenta, o estudo das Relações Internacionais no Brasil -se comparado às outras áreas tradicionais de investigação, como partidos políticos, sindicalismo, estrutura agrária, movimentos sociais etc. -recebeu pouca atenção, e o meio acadêmico contribuiu de forma muito modesta para o seu desenvolvimento. Contudo, é óbvio que existe uma quantidade razoável de estudos feitos, entre outros, por juristas, economistas, cientistas sociais, historiadores e jornalistas sobre Relações Internacionais, retratando muitos aspectos sobretudo da política externa brasileira, voltados para a Bacia do Prata e África. Há também depoimentos e livros de memórias de diplomatas e militares (que ao final dos Este artigo faz um balanço do estudo das Relações Internacionais no Brasil em dois momentos: antes de 1978 e depois. No primeiro instante verifica-se um número reduzido de profissionais e instituições voltados para esta temática, enquanto que a partir dos anos oitenta ocorre um incremento apreciável, principalmente com a criação de vários cursos de graduação em Relações Internacionais. O artigo também aponta as dificuldades enfrentadas pela área no País, face à intermitência tanto das instituições de ensino e pesquisa voltadas para o tema, quanto das publicações especializadas. PALAVRAS-CHAVE: Relações Internacionais; politica externa brasileira; instituições de ensino em Relações Internacionais; periódicos de Relações Internacionais.
IntroduçãoNos últimos anos, sobretudo com Luiz Inácio Lula da Silva, tem sido crescente a importância dada pelo governo brasileiro, pelo menos retoricamente, ao relacionamento com os Estados do hemisfério sul, e, dentro deste, aos membros que compõem a denominada Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.Na realidade, os países situados abaixo da linha do Equador jamais deixaram de ocupar espaço na agenda da política externa brasileira. Com oscilações, é verdade, como é natural acontecer com a política de qualquer país. Desde os anos 50 os não-alinhados, o Terceiro Mundo e o Grupo dos 77, marcaram presença em todo o tempo, embora nem sempre fossem considerados prioritários na pauta da chancelaria brasileira.Vários elementos têm de ser levados em consideração. Em primeiro lugar, as aspirações que um país como o Brasil tem no cenário regional e no contexto mais amplo das relações internacionais. Em segundo lugar, as diferenças de conjuntura regional e global que afetam as possibilidades que o país tem para implementar políticas independentes fora desses contextos. Ligado a esse, a própria capacidade em termos do poder que o país detém em cada momento. Em quarto lugar, as divergências internas, com os diversos grupos de pressão, que influenciam por meio do livre jogo de forças, os rumos das políticas externa e internacional do Brasil. Por último, mas igualmente importante, o tipo de regime político vigente, que privilegia uma ou outra ótica de inserção, permitindo ou não a participação da sociedade na formulação e na implementação das políticas públicas nacionais em sentido amplo, ou apenas ditando os rumos da conduta externa, segundo o grupo que está no controle do aparelho de Estado. ArtigoRev. Bras. Polít. int. 52 (2): 22-42 [2009]
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