Um certo desconforto pode acometer quem interroga hoje um título tão conhecido quanto Formação da literatura brasileira (Momentos decisivos).Muita coisa está pressuposta aí. Desde logo, que existe ou existiu uma "literatura brasileira". E que ela foi "formada", que tomou "forma" -ao longo do tempo, como indica a palavra "momentos". E que, entre estes, é possível destacar os mais importantes, "decisivos" para o resultado do processo.
Resumo: Entre as nove filhas de Zeus e Mnemósina, Euterpe era conhecida como a Aprazível, que espalha alegria, e tinha como principal atributo iconográfico o aulo, um instrumento de sopro. Na Antiguidade tardia, ela foi apontada como a Musa ora da música, ora da poesia lírica. Originalmente, porém, as irmãs não tinham alçadas específicas: elas se incumbiam conjuntamente de inspirar os artistas, assim como a fruição das artes. Essa tarefa se ligava à paidéia grega, ideia de “educação” na qual o aprendizado não exclui o prazer. A consideração das condições presentes do contato com objetos artísticos, em face da onipresente indústria do entretenimento, suscita a discussão do papel das Musas – e de Euterpe em particular – na preservação da faculdade humana da atenção, indispensável à experiência estética.Palavras-chave: Euterpe; Musas; inspiração; atenção; experiência estética.Abstract: Among the nine daughters of Zeus and Mnemosyne, Euterpe was known as the Delightful one, the one who brings joy, and had as her main iconographic attribute the aulos, a wind instrument. During late Antiquity she was declared the Muse either of music or of lyric poetry. Nevertheless, originally there were not specific domains for each of the sisters: they were supposed to jointly inspire the artists, as well as the enjoyment of the arts. Their task was related to the Greek paideia, an idea of “education” in which learning does not exclude pleasure. Considering the present conditions for the contact with artistic objects, given the widespread entertainment industry, a discussion is elicited about the role of the Muses – and Euterpe’s in particular – in the preservation of the human faculty of attention, indispensable to aesthetic experience.Keywords: Euterpe; Muses; inspiration; attention; aesthetic experience.
Sob o signo da iconologia: uma exploração do livro Saturno e a melancolia, de R. Klibansky, E. Panofsky e F. Saxl Sérgio AlcidesÀ primeira vista, espanta que Italo Calvino tenha evocado a melancolia justamente na conferência sobre a "leveza", preparada para as Norton Lectures e publicada postumamente em Seis propostas para o próximo milê-nio. Não é o pesar a principal característica dos melancólicos? Não para Calvino, que apontava para um "sintoma" bem menos categórico e sombrio: a "gravidade sem peso", uma qualidade que o escritor recomendou ao futuro. "É aquela relação particular entre melancolia e humor, que Klibansky, Panofsky e Saxl estudaram em Saturn and Melancholy" -escreveu [Calvino: 1985, 32]. O mais surpreendente, para quem conhece a obra citada, é que ela não trata especificamente dessa relação, como a afirmação do conferencista pode fazer supor. Num livro de 700 páginas, Calvino foi direto a um tema apenas esboçado, em dois ou três parágrafos [Klibansky et al.: 1964, 380-1].A rápida menção a esse livro de "estudos históricos e filosóficos" é reveladora de uma certa atitude perante o conhecimento inteiramente diversa da que os autores citados manifestavam. Para Calvino, a velha distinção entre vita contemplativa e vita activa não fazia nenhum sentido; as conferências de 1985 são a maior prova, ao se interrogarem sobre os "valores ou qualidades ou especificidades da literatura" que poderão colaborar num programa ético para os desdobramentos da era pós-industrial [Calvino: 1985, 11]. Raymond Klibansky (1905-1997), Erwin Panofsky (1892-1968 e Fritz Saxl (1890Saxl ( -1948, cada um em seu campo, trabalharam numa perspectiva mais convencional -embora conscientes da medida de ação implicada nos estudos acadêmicos e preocupados em estabelecer parâmetros Topoi, Rio de Janeiro, set. 2001, pp. 131-173.
Resumo Com o poema lírico “Fábula do ribeirão do Carmo”, Cláudio Manuel da Costa imagina uma origem mítica para a Capitania das Minas Gerais e a principal atividade econômica que estimulou o povoamento luso-brasileiro da região. A narrativa trata do surgimento do rio que banha a cidade natal do poeta, Mariana. Por seguir o modelo clássico das Metamorfoses, de Ovídio, o poeta incorpora Minas Gerais e sua bacia hidrográfica ao tesouro mitológico da Antiguidade, que irrigava toda a tradição literária do Ocidente. Ao mesmo tempo, frisa o caráter especificamente colonial dessa incorporação, com uma história marcada pelo desterro e a violência.
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