Primeiramente, gostaria de expressar minha gratidão pelo convite. Para a elaboração deste texto fui inspirado pelo nome deste auditório (Fernand Braudel) 2 O EZLN faria sua primeira "aparição" pública na madrugada do primeiro dia do ano de 1994, quando um exército de mais de três mil combatentes, na grande maioria indígenas, tomou sete cidades da região de Los Altos no estado de Chiapas: San Cristóbal de Las Casas, Ocosingo, Las Margaritas, Altamirano, Chanal, Oxchuc e Huixtán. Misteriosamente vindos da noite espessa das montanhas -"noite de quinhentos anos" -os guerrilheiros do EZLN chegaram "carregando suas mochilas, seus mortos e sua história" e exigindo terra, emprego, casa, alimentação, saúde, educação, independência, liberdade, democracia, justiça e paz. A retirada das cidades ocupadas e o cessar fogo com o exército mexicano ocorreu muito rapidamente, mas o levante zapatista modificou o cenário político-social, não somente do pobre estado de Chiapas, mas também de todo o México.
Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), sendo permitidas reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados.Resumo: Este artigo procura mapear analiticamente a produção de intelectuais indígenas no panorama acadêmico latino-americano discutindo criticamente as pesquisas realizadas por historiadores mapuche no século XXI. Em um primeiro momento, refletimos sobre a categoria de intelectual indígena, as dimensões da emergência indígena nos últimos 30 anos e seus impactos, tensões e polêmicas no conjunto dos estudos históricos latino-americanos. A seguir, analisamos as principais obras produzidas por historiadores mapuche que gravitam em torno da autodenominada Comunidad de Historia Mapuche (CHM), refletindo sobre seus principais referenciais teórico-metodológicos, suas propostas epistemológicas e as temáticas abordadas. Utilizando fartamente citações de textos dos historiadores mapuche, esperamos contribuir para a difusão e discussão sobre esta corrente da história indígena latino-americana que emerge da "periferia da periferia" e que ainda é relativamente pouco conhecida no Brasil. Palavras-chave: história indígena, estudos históricos latino-americanos, historiadores mapuche.Abstract: This paper tries to analytically chart the production of indigenous scholars in the Latin American academic panorama through a critical discussion of the research conducted by Mapuche historians in the 21 st century. In a first section, we dwell on the category of indigenous scholar, the dimensions of indigenous emergence over the last 30 years and its impacts, tensions and debates in the context of Latin American history research. Subsequently, we analyse the main works produced by Mapuche historians who gravitate around the so-called Comunidad de Historia Mapuche (CHM), debating their main theoretical-methodological frame of reference, their epistemological proposals and the themes approached. By widely quoting texts by Mapuche historians, we hope to contribute to the dissemination and discussion about this current of Latin American indigenous history that emerges from the "periphery of the periphery" and is still fairly little known in Brazil.
O presente estudo propõe evidenciar a preocupação em se difundir uma "consciência histórica rebelde" dos movimentos sociais latino-americanos, em especial o Movimento do Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), através do que denominamos como toponímia rebelde, onde os nomes dos próprios territórios produzidos pelos movimentos (acampamentos, assentamentos, agrovilas, ruas, escolas, municípios autônomos, comunidades rebeldes, "Caracóis") estão repletos de significados históricos. Dessa maneira, se busca conectar as lutas do passado ao presente, através da nomeação dos territórios com nomes que remetem às lutas históricas ou personagens dessas lutas. Tanto os trabalhadores sem-terra brasileiros, quanto os zapatistas mexicanos demonstram um esforço consciente de preservar a memória histórica e honrar "mártires" e lutadores sociais do passado e do presente, almejando a recuperação do passado não oficial que se tenta apagar dos textos, mas persiste de algum modo na memória coletiva. Em síntese, trata-se de uma vontade de recuperação da história que, por um lado, indica continuidade e, por outro, ruptura.
Este artigo trata de aspectos da construção do discurso e da ideologia dos zapatistas, com a finalidade de identificar pontos que possam diferenciar o Exército Zapatista de Libertação Nacional dos movimentos de guerrilhas latino-americanos tradicionais, e aponta para as propostas do movimento zapatista, dentre elas, o uso tático dos meios mais avançados de comunicação tecnológica - a internet- e o manejo da arte cenográfica, como uma das estratégias de aproximação e inserção na sociedade mexicana e da esquerda, de maneira geral.
O pensamento e obra de Nicanor Parra podem ser lidos como uma incisiva expressão do pensamento crítico latino-americano: crítica da eficácia dos grandes projetos e narrativas da modernidade. Representam também uma tentativa de vitalizar e subverter os meios e modos do debate público sobre a política, a história, a arte e a vida através da expressão poética, mesmo que esta tenha de se tornar antipoética. Utilizando vários suportes documentais (produção literária, discursos, entrevistas e testemunhos), este artigo pretende explorar os caminhos e papéis assumidos pela antipoesia nas arenas culturais (chilenas e latino-americanas) e relacionar a obra de Nicanor Parra com certos meios catalisadores de demandas políticas e sociais do tempo presente.
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