A partir de referências teóricas dos estudos de performances culturais, este artigo interpreta a letra de alguns cantos de Bule-Bule - repentista, cantador, violeiro, tocador de prato e faca, e poeta sambador do Recôncavo baiano -, focando algumas relações possíveis entre as práticas da cultura popular tradicional e sua representação por intelectuais, notadamente folcloristas, sociólogos e antropólogos.
Este artigo apresenta o altar como um lugar do qual emanam performances visualizadas em símbolos, ações, gestos, cantos advindos da prática religiosa. Com o olhar voltado à religiosidade popular, destaca-se as vivências das Folias de Reis a fim de propiciar a reflexão acerca das performances do altar. À luz dos estudos em Performances Culturais, o destaque dado aos gestos, sons, imagens e toadas possibilitam reflexões acerca da performatividade revelada na materialidade dinâmica do altar, que se mantém viva em diversos contextos. O altar se configura, assim, como local do sagrado que ressalta o conjunto das qualidades sinestésicas das várias performances envolvidas neles ou perante eles; inclusive aquelas constituídas por sua simples materialidade e presença.
O ensaio O êxtase no Moçambique de Tonho e Lena revisita a coletânea de imagens produzida durante a realização do projeto “Memórias e Cantos do Moçambique do Tonho Pretinho”, guiado pelo olhar que foca e faz saltar a presença feminina na guarda, na festa e no cosmos1 . À primeira vista uma manifestação majoritariamente masculina que, olhada com profundidade, revela uma presença, força e simbologia feminina que estrutura os rituais, orienta os saberes e práticas, e só assim torna possível a realização da festa.
O artigo discute as criações individuais de versos e toadas na Folia de Reis – uma manifestação tradicional coletiva e difusa –, tomando como estudo de caso a Companhia de Santos Reis de Inhumas, Goiás. Nele mostramos que o traço cultural coletivo da Folia de Reis não impede a autoria individual; ele implica, antes, a estreita conexão do talento e da criatividade do artista com saberes, fazeres e valores comunitários. Fruto de trabalho de extensão e pesquisa realizado com a Cia de Santos Reis, seus resultados apresentam também a potencialidade da perspectiva das Performances Culturais para o estudo de manifestações da cultura popular.
Após uma experiência exitosa de trocas estabelecidas em sala de aula para compartilhar ensinamentos sobre performances negras, um grupo de docentes se vê diante do desafio de oferecer o componente curricular na modalidade remota, em função da pandemia de Covid-19. O presente artigo sistematiza essa vivência em uma narrativa que tem o objetivo de evidenciar a força das performances negras, ainda que com as limitações técnicas e o reduzido número de pessoas matriculadas. Além de oferecer subsídios para a presença de outros saberes em sala de aula. Os resultados alcançados sinalizam que a experimentação e o cuidado também fazem parte do processo de ensino-aprendizagem na pós-graduação e que a representatividade é essencial para fazer ecoar antirracismo e democracia. Mestres e mestras dos saberes mostraram o quanto é importante manter o cuidado.
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