Resumo 1) IntroduçãoA crítica literária, como qualquer criação simbólica, é atividade sujeita às transformações históricas. Ela pode assumir nova feição, ou novas feições, a cada período, em cada lugar. A diversidade dos métodos críticos propicia algo que parece transcender o embate polêmico entre eles: a divergência como indicação dialética da complexidade da cultura. É nesse cenário que surge uma hipótese: o choque cultural, inclusive quando tácito ou latente, gera uma compreensão da materialidade sígnica humana que se posta além das palavras de ordem de cada oponente. Quando o outro me contesta, ele pode estar me revelando alguma verdade que eu não havia previsto. Enxergamos essa ocorrência em contextos intelectuais específicos, como no quadro dos debates acadêmicos europeus, por exemplo. Note-se que o valor positivo do confronto com a alteridade também vale para o ambiente acadêmico brasileiro.Como delimitação do fenômeno descrito acima, instigaremos uma discussão envolvendo o francês Roland Barthes (1915Barthes ( -1980 (1950). O primeiro, um dos nomes mais evidentes da crítica literária e dos estudos de linguagem no século XX, escreve em 1968 um ensaio intitulado "O efeito de real", que bem pode sintetizar algumas de suas formulações teóricas mais importantes. O segundo, autor de obras célebres como A terceira república das letras (1983) e Os cinco paradoxos da modernidade (1989), afirma-se como um teórico e um crítico dos mais argutos e bem situados da geração recente. Em O demônio da teoria, de 1998, ele discute e confronta diretamente certas afirmações de Barthes em O efeito de real e eme o belga Antoine Compagnon
RESUMO: O mez da grippe, de Valêncio Xavier (1933-2008, é uma obra inovadora que cria um espaço e uma ânsia narrativa a partir de imagens e textos extraídos diretamente dos meios de comunicação da época, de fontes diversas, e de inserções ficcionais de texto escrito pelo autor-organizador. O tema que reúne os elementos dessa colagem é o episódio da epidemia de gripe espanhola que acometeu Curitiba em 1918, ano em que se encerrava tanto a 1ª Guerra Mundial como a belle époque europeia. Neste artigo, pretende-se discutir de que modo a forma literária é móvel em sua aparente fixação, e como isso produz relações inusitadas entre o homem e seus outros (o animal, o vegetal, o vírus e ele mesmo); assim, entende-se que a civilização é alimentada pela barbárie que ameaça destruí-la, e nisso há uma espécie de música. PALAVRAS-CHAVE: Literatura comparada. Movimento. Vírus. is an innovative work which creates a space and a narrative anxiety from images and texts directly extracted from the media of that times, from varied sources and from fictional insertions of text by the author-organizer. The theme that assembles the elements of that collage is the episode of the epidemic of Spanish Flu which undertook the Brazilian city of Curitiba in 1918, the same year of the end of the First World War and the European belle époque. In this paper, it's aimed to discuss how literary form is movable, even seeming to be fixed, and how it produces unusual relations between man and his others (animal, vegetable, virus, himself); thus, one can say that civilization is fed by the barbarity which menaces to destroy it, and that comprehends a kind of music. THERE WAS INFLUENZA IN THE MIDDLE OF THE WAY ABSTRACT: O mez da grippe [The month of the influenza], by the Brazilian writer Valêncio Xavier
A viagem talvez seja mais viva quando percebida como o que já começou, quando é o esquecimento de qualquer início. Quando alguém se pergunta se houve um princípio, é porque a viagem já existe e diz que a experiência se tornou extravio; ser, então, é um estar longe. Daí, o continuar dessa viagem será um não terminar. Mesmo se interrompida, a viagem não termina. Ela ainda existirá em eco. O viajante que um dia viajou ainda viaja, quer goste ou não, e mesmo que se esqueça disso. Ele interrompeu a viagem, mas isso não garante que ela o devolva à ausência de qualquer garantia que ele já era, mesmo que não soubesse. Se ele não se entregar mais a ela, será sempre um homem mutilado: uma vez iniciada, a viagem só terminará quando o viajante não existir mais. Ela é paciente. Sempre espera que seu filho adotivo, o viajante, o homem que descobre a vocação do deslocamento e do erro, volte para ela, que a admita, que a perdoe e assuma sua própria inocência sem prazo. A viagem é fatal: o fim do viajante é sempre um voltar a errar e, assim, esquecer o nome que usava, trocá-lo por outro ou dizê-lo em voz alta até que ganhe um sentido próximo ao silêncio ou à sensação sem nome.Percurso: um algo poético, um alguém-poema às vezes capturado pela crítica, em intermitências, adulando-a, traindo-a. Paulo Leminski (1944Leminski ( -1989 teria completado 70 anos de vida em 2014, e sua obra continua sendo estudada, comentada, publicada. Leminski, além do personagem um tanto pitoresco de certas biografias (por exemplo, Vaz, 2009), é também o nome que remete a uma obra genial e assimétrica. Obra inquieta, móvel entre poesia, prosa, letra musical, tradução: movimentos que se interseccionam; interseções interpostas e transpostas entre si, insinuando essa obra, do seu texto físico a leituras que o pressionam, como uma tensa incerteza entre o aparentemente fácil e o ostensivamente hostil.
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