Este texto foi apresentado originalmente como intervenção de Michael Löwy na conferência organizada pela Société internationale Rosa Luxemburg realizada em 2013 na cidade de Paris. Foi publicado, em setembro de 2016, na revista Agone 59 – Révolution et démocratie. Actualité de Rosa Luxemburg [Revolução e democracia. Atualidade de Rosa Luxemburgo], sob o título de “Le coup de marteau de la révolution”: La critique de la démocratie bourgeoise chez Rosa Luxemburg. A publicação do número especial da revista e o evento dedicado à Rosa inserem-se no conjunto de atividades vinculadas ao trabalho, ainda em andamento, de publicação de suas obras completas na França pelas edições Agone e o coletivo Smolny. A tradução e a apresentação deste artigo aos Cadernos Cemarx foram motivadas pelo significativo movimento de difusão das obras de Rosa Luxemburgo nos últimos anos no Brasil e pelo crescente debate em torno de suas ideias. O autor Michael Löwy é conhecido do público marxista e seu texto chega a nós em momento bastante pertinente em que a questão da democracia está no centro do debate político do país. Gostaríamos de agradecer imensamente a Michael Löwy, por autorizar a publicação traduzida de seu texto. Esclarecemos que as palavras destacadas em negrito ou itálico foram reproduzidas exatamente como o original enviado pelo autor. Aos livros citados no original adicionamos a referência da edição brasileira para aquelas que encontramos traduzidas. As notas da tradução foram identificadas como N. T. Esperamos que as reflexões aqui postas possam contribuir para revisitarmos as ideias de Rosa tanto como um corpo teórico, por muito tempo secundarizado pelos estudiosos marxistas, como também enquanto estímulo para repensar os limites e possibilidades da democracia burguesa e os caminhos necessários para a transformação da nossa sociedade.
Resumo O artigo analisa processo de nacionalização do conceito gramsciano de revolução passiva no Brasil entre as décadas de 1970 e 1980. A abordagem articula a história do comunismo internacional com a trajetória do Partido Comunista Brasileiro, partindo da noção de nacionalização de Bernardo Ricupero e Luis Tápia e da história cruzada do comunismo de Serge Wolikow. Ao tratar da produção de intelectuais e militantes gramscianos, fundamentais no que diz respeito à apropriação do conceito de revolução passiva no Brasil no período, demonstra que as leituras são marcadas pela influência do comunismo internacional. A partir dessa constatação, destaca os elementos do conceito de revolução passiva que nos permitem avançar em sua utilização para a análise da formação do Estado brasileiro em sua particularidade, a saber, a condição de periferia dependente e o colonialismo.
Embora não fosse um metodólogo stricto sensu, tendo mesmo criticado a formulação de um método padrão, Antonio Gramsci propôs questões relevantes para o estudo da teoria política. É possível traçar paralelos entre suas formulações e o debate do contextualismo linguístico dos anos 1960 animado pelas contribuições de Q. Skinner. Estou me referindo à abordagem das relações entre texto e contexto, desenvolvida por contextualistas em oposição à escola textualista de análise. Neste artigo pretendo argumentar que Gramsci pode ser aproximado desta tendência no que diz respeito à abordagem histórica dos textos políticos e na atenção ao estudo filológico. No entanto, foi com a formulação da relação entre história e política que procurou superar a perspectiva abstrata e puramente hermenêutica do estudo dos textos, considerando que toda obra do pensamento político é política e, nesta chave, também deve ser entendida a recepção e uso de textos nos diferentes contextos em que são lidos e interpretados. Isso o conduz a explorar o texto considerando as disputas e conflitos políticos nos quais ele é mobilizado, assim como permitiu-lhe tratar das obras de criação individual e dos intelectuais como parte do aparato de hegemonia, capazes de delinear ou conformar contextos linguísticos determinados e segundo uma “direção” preestabelecida.
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A proposta deste artigo é discutir a análise de Antonio Gramsci (1891-1937) sobre Honoré de Balzac (1799-1850). A figura e a obra de Balzac emergiram, sobretudo no q 3, escrito entre maio e outubro de 1930, como capazes de articular dois elementos centrais da reflexão de Gramsci: a noção de intelectual, em sua relação direta com a ideia de hegemonia; e a problematização acerca da literatura nacional-popular. A hipótese é que o tratamento de Balzac como intelectual permite que se explorem as relações entre autor e obra, literatura e política, vinculadas à construção da noção de nacional-popular em Gramsci.
Este artigo propõe uma reconstrução da abordagem de Antonio Gramsci acerca da Comuna de Paris (1871). O tema foi tratado por Gramsci a partir de duas premissas principais. Primeiro, o evento foi abordado como parte da análise da França e sua história revolucionária, não limitado portanto a um elemento episódico mas inserido em uma longa trajetória que se iniciou no século XVIII. O outro ponto de partida, ligado ao primeiro, foi considerar o terreno social histórico francês como um “laboratório” no qual se desenvolveram e foram aprimorados os mecanismos de exercício da hegemonia, no que as revoltas de 1848 e 1870 tiveram papel essencial. Dessa forma, a Comuna ajuda a refletir sobre a elaboração do conceito de hegemonia em Gramsci. O artigo reconstrói tal elaboração em Gramsci centrando-se na análise dos Quaderni del carcere, buscando ainda explorar os nexos entre a teoria política gramsciana e sua análise da história, em particular, da história francesa.
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