Resumo: O presente trabalho integra os quadros de uma pesquisa mais ampla, na qual investigamos a trajetória, a militância e os ideais políticos de Raul Pompeia (1863-1895, situando-o no contexto brasileiro do final do século XIX. Enfatizamos, particularmente, a produção cronística de Raul Pompeia para o jornal O Estado de S. Paulo em uma série que o próprio autor intitulou de "Da Capital" e que foi publicada pelo vespertino paulista entre 1891 e 1893. Procuramos compreender, por meio deste trabalho, como a crônica, enquanto gênero na fronteira entre a literatura e a história, opera como um testemunho documental capaz de revelar as tensões políticas de uma época.
Palavras-chave:Crônica -Raul Pompeia -Intelectuais.Abstract: This paper integrates the charts of a larger study in which we investigate the trajectory, the militancy and Raul Pompeia's political ideals (1863-1895) placing him in the Brazilian context in late nineteenth century. We highlight, particularly, Raul Pompeia's chronicals for the newspaper "O Estado de São Paulo in a series which the author titled "Da Capital" and was published by an afternoon newspaper from São Paulo between 1891 and 1893. We have tried to understand, through this work, how the chronicle, as a genre on the border between literature and history, works as a documentary witness able to reveal the political tensions of an era. Keywords: Chronicle -Raul Pompeia -Intellectuals.Já não é de hoje que o historiador tem se válido, no exercício de seu ofício, da leitura e da pesquisa histórica por intermédio de uma fonte documental com características bastante peculiares: a crônica. Neste trabalho, entendemos por crônica o gênero literário que emergiu com a proliferação da imprensa no século XIX; portanto, um tipo de texto voltado para um público urbano, consumidor de jornais. Por outro lado, do ponto de vista de sua escrita, a crônica caracteriza-se pela "narrativa curta", marcada pela brevidade e precisão de seu autor, que, em geral, volta seu olhar para o "mundo que o cerca", independentemente da temporalidade. O cronista, ao falar da cidade, da política, da economia, dos conflitos urbanos e dos pequenos e banais casos da cena urbana, está sempre dialogando com o tempo -seja o tempo presente como testemunha, seja o tempo passado através da memorialística, seja o tempo futuro enquanto exercício propriamente ficcional.