Este trabalho tem como objetivo analisar de que formas o torpor, um afeto tradicionalmente lido como negativo, pode ser útil quando se interrogam as estruturas sociais heteronormativas. Para tal, uma leitura do torpor na obra Chelsea Girls de Eileen Myles é realizada com o intuito de sublinhar as interpretações do estado de entorpecimento nas interações da protagonista da obra com o mundo ao seu redor. Considerando as contribuições de Muñoz (1999), Despentes (2016), Ahmed (2010) e outros, pode-se concluir que o torpor é um afeto complexo que, em negociações que não estão isentas de sofrimento, revela inconsistências no cenário social político ao questionar o que se convencionou chamar de “sentimentos bons”. Desta forma, o torpor se torna um “sentimento feio” com usos políticos possíveis.
This paper aims to offer an understanding of the body as an archive while analysing poems written by queer and non-binary poet and performer Danez Smith. Seen as a conflicting field for power and control disputes, the archive can be read in different ways and this paper approaches it in order to theorise what a queer archival practice may signal when elements such as gender, sexuality and desire are interrogated in Smith’s poems. Taking into consideration theoretical contributions from Celia Pedrosa et al. (2018), Julietta Singh (2018), David Lapoujade (2017), Ann Cvetkovich (2003) and others, it is concluded that Smith’s poems display a complex negotiation of feeling and the world, allowing new meanings to erupt from the archive.
Buscando teorizar o que é uma atmosfera afetiva, o presente trabalho analisa alguns afetos no romance Eu sou uma lésbica, de Cassandra Rios. Ao destacar o medo, o nojo e o prazer como parte da atmosfera afetiva da protagonista Flávia, destacam-se as formas nas quais essas emoções são empregadas para mobilizar sentidos no mundo. Para a discussão, o artigo traz à baila principalmente os apontamentos teórico e críticos de Sara Ahmed (2014) e Claudia Barcellos Rezende e Maria Claudia Coelho (2010).
O presente artigo propõe uma investigação teórica das interações entre teoria queer e as discussões sobre identidades ao analisar o romance brasileiro Todos nós adorávamos caubóis de Carol Bensimon, publicado em 2013. Partindo de uma discussão sobre a heteronormatividade (MISKOLCI, 2016), elabora-se um comentário sobre a teoria queer e sua política pós-identitária buscando destacar não só a metáfora da viagem dentro da narrativa selecionada, mas também a fragmentação e o deslocamento das identidades das protagonistas, Cora e Júlia, durante a sua road trip pelo interior do Rio Grande do Sul. Traçando pontes e limites entre a teoria queer e os estudos gays e lésbicos, discute-se como uma leitura do romance de Bensimon é sintomática das proposições da própria indefinibilidade teórica da teoria queer como forma de investigação do cenário literário contemporâneo. Privilegiam-se, entre outros, as contribuições teóricas de Carla Rodrigues (2009), Linda Hutcheon (2003), Steve Seidman (2004), Diane Richardson (2006) e Guacira Lopes Louro (2016) para a discussão proposta.
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