Resumo Este artigo analisa a presença no Brasil dos almanaques de cordel, livros ainda pouco conhecidos que articulam astrologia, ciências ocultas, medicina popular ao saber religioso e às observações sobre a natureza. Esses objetos escritos são elaborados com as mesmas características editoriais dos folhetos de cordel e constituem um gênero literário que procura atender a muitas demandas, intercalando o deleite da poesia em versos com previsões do tempo, horóscopo e ensinamentos morais. Os almanaques de cordel circulam à margem do mercado editorial brasileiro, porém permanecem há mais de um século no Brasil como literatura por meio da qual se pretende informar, divertir e orientar seus leitores. Por essas características, os almanaques de cordel permitem analisar a escrita enquanto prática cultural que traduz a permanência no Brasil de outras possibilidades de elaboração simbólica na pós-modernidade. Palavras-chave Almanaques, literatura de cordel, cultura brasileira.
Resumo Este artigo problematiza algumas questões relativas à poética do cordel no Brasil, procurando perceber como a inserção do cordel na contemporaneidade impõe aos pesquisadores a revisão de uma série de conceitos. Sublinhando o caráter híbrido dessa poética, discute-se o caráter artístico e criativo do cordel enquanto apropriação de diferentes linguagens e estéticas.
RESUMOEste artigo investiga a produção intelectual sobre a literatura de cordel e sua institucionalização como campo de estudos no Brasil. Analisa os conceitos mobilizados por duas matrizes intelectuais: os estudos folclóricos e as pesquisas acadêmicas. A partir da formação do Estado Nacional este gênero se tornou uma referência nos estudos da chamada "literatura popular" que passou a ter um papel estratégico na construção da identidade nacional. Este projeto político e cultural deu ensejo a estudos, recolhas de poemas e ações de preservação resultando numa vasta produção intelectual. Portanto, serão investigadas as correlações entre os conceitos, os estudos e as práticas monumentalização dos folhetos de cordel através da criação de arquivos e instituições de pesquisa. PALAVRAS-CHAVE: literatura de cordel; história intelectual; historiografia ABSTRACT This article investigates the intellectual production on cordel literature and its institutionalization as a field of study in Brazil. It analyzes the concepts mobilized by two intellectual matrices: folk studies and academic research. It problematizes how, from the formation of the National State, the literature considered "popular" has a strategic role in the construction of the national identity. This political and cultural project gave rise to studies, collections of poems and preservation actions, resulting in a vast intellectual production. Therefore, we will investigate the correlations between the concepts, the studies and the practices monumentalization of the cordel leaflets through the creation of archives.
Nos últimos anos, os debates em torno da história pública têm se tornado um dos temas mais procurados entre historiadores, professores e profissionais de áreas afins que passaram a perceber a forte presença de demandas e narrativas históricas em nossa cena pública. Em um momento marcado por negacionismos diversos, especialmente, sobre temas históricos, a reflexão sobre as dimensões públicas da história assumiu um papel fundamental em nossos dias. O que os textos apresentados nesta obra demonstram é a necessidade de ir além do historiográfico e descobrir no espaço público o histórico. Se o primeiro continua a ser uma ferramenta fundamental de reflexão, o último recoloca a práxis do profissional de História no mundo real, onde a vida se reinventa todos os dias.
Em 2018 a literatura de cordel foi registrada como patrimônio imaterial do Brasil pelo Inst ituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Este artigo problematiza essa patrimonialização, considerando o registro como resultado de um conjunto de ações mobilizadas por diversos agentes que há mais de um século promovem a difusão desse gênero enquanto forma de expressão cultural do Brasil. A partir da análise de matérias publicadas em jornais, da produção intelectual e do inventário realizado pelo Iphan, este artigo recupera alguns sentidos atribuídos à literatura de cordel ao longo do tempo. Proscrito, considerado uma leitura nefasta por autoridades policiais e parte da elite intelectual, esse gênero foi alvo de ações de repressão, como a proibição de venda e circulação de folhetos. No entanto, as práticas de repressão não arrefeceram sua presença no país através dos autores e leitores que a consideram uma expressão da voz popular, da memória e da identidade nacional.
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