A autora se propõe fazer um estudo exploratório sobre o tema, utilizando a técnica da entrevista em profundidade (discurso livre) numa amostra não-representativa constituída de 20 mulheres sorteadas entre 351 formadas pela EAESP/FGV a partir do ano em que aparece a primeira aluna entre os graduandos de administração de empresas (1966), até 1980, com a intenção de analisar o que leva mulheres a escolherem carreiras "masculinas", o que antecede essa escolha e como se dá a inserção dessas agentes no mercado de trabalho.O estudo não se pretende conclusivo, mas uma primeira visão deste desconhecido mundo das mulheres que ousam se desviar, pelo menos parcialmente, daquilo que seu "destino" tradicional lhes reservaria. SOBRE O TRABALHOEmbora já se tenha pesquisado as carreiras universitárias das mulheres, a tese é pioneira no tratamento específico da área de administração. A opção por um enfoque altamente compreensivo do tema (socialização, família, escola etc.) levou, necessariamente, a autora à consulta de extensa bibliografia multidisciplinar e a empenhar seu grande talento de investigadora em diversos níveis de análise: individual, psicossocial, organizacional e social.Muito se tem comentado a respeito da grande vitória das mulheres, da sua entrada em todos os campos profissionais, enfim, de estarem hoje socialmente posicionadas em condições potencialmente iguais em relação aos homens: isto é, sua entrada e a ocupação de um certo espaço em campos anteriormente exclusivamente masculinos pode levar a se esperar, num futuro próximo, uma igualdade na distribuição de ocupações entre os sexos; mas muito pouco tem sido feito no sentido de estudar, de forma séria, essa "entrada". Parece pouco satisfatório considerar como "final feliz" a simples existência -do elemento feminino em algumas atividades antes restritas ao mundo masculino.No que consiste o espaço tradicional da atividade profissional feminina? Segundo muitos teóricos, essas atividades constituem, de certa forma, extensões do papel doméstico e matemo, isto é, a mulher continua, no mercado de trabalho, a exercer as mesmas funções que já executava antes no domínio privado: educação, cuidados com doentes, costura etc. Podemos ainda observar que geralmente essas profissões colocam a mulher num papel de "coadjuvante" semi-invisível, no sentido de posicionar seu executante como auxiliar de outro profissional, como por exemplo na relação médico-paciente, reproduzindo o famoso "por trás de um grande homem existe sempre uma grande mulher" emprestado do âmbi-to da vida conjugal.Por outro lado, é fato que, historicamente falando, em todo período de crise, seja ela financeira ou política, a mão-de-obra feminina tem sido muito bem-vinda para a execução de tarefas ligadas à produção, especialmente de bens de consumo. Foi assim que, durante a 11Guerra Mundial, as mulheres tiveram a "grande chance" de ingressar, em massa, nas "magníficas" linhas de montagem fabris, enquanto aos homens cabia a execução do nobre esporte da guerra. Aliás, exagerando um pouco, sempre coube às mulher...
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