A volta do sujeitoHá décadas Michel Foucault é fonte de um pensamento crítico alternativo ao marxismo. Vigiar e punir e História da sexualidade oferecem uma analítica do poder e do sujeito, do saber e da verdade que se constituem numa teoria crítica da sociedade.Gayatri Chakraworty Spivak, autora que pode ser incluída como fonte para novas versões de uma teoria crítica fundamentada no campo dos estudos subalternos e pós-coloniais 1 , no texto "Pode o subalterno falar?" tece uma crítica a Foucault que pode ser entendida como resultado de um enquadramento a partir do qual perspectivas elaboradas nas "margens" do sistema internacional articulam discursos que problematizam o próprio "centro".Os problemas apontados na conversa entre Foucault e Deleuze 2 registrada em Os intelectuais e o poder são lidos com base em uma perspectiva "subalterna" por uma autora pensando o diálogo a partir de questões suscitadas pela sua posição de intelectual, de mulher e indiana. Tal crítica pode ser um bom começo para pensarmos Foucault, pois tenta demonstrar um "impensado", uma dimensão não reconhecida, no pensamento do autor.1. Não estamos tomando aqui "teoria crítica" como sinônimo da teorização da Escola de Frankfurt. 2. Apesar de a autora discutir Foucault e Deleuze, estamos interessados exclusivamente em Foucault.
pesquisa. Sua contribuição é particularmente marcante no estudo das relações entre os setores público e o privado na política brasileira, questão sempre atual no país.
Como contar uma vida? Num romance clássico do século XIX narrar uma vida significaria abarcar sua totalidade, enredando "episódios dispersos e isolados" 1 constituindo uma estrutura narrativa que reuniria "todos os fios soltos do texto [ou da vida] para criar uma imagem absolutamente coerente, regulada e compreensível da realidade, uma imagem onde tudo, até o acaso [...] deve fazer sentido". Colocar a vida em narrativa num romance, ou numa história desse período implicaria na produção de um discurso que se move para a frente "de maneira absolutamente consistente e ordenada culmina[ndo] com uma disciplinarização do real, direcionando todos os episódios, sequências e configurações da narrativa no rumo de seu final". Um final que aparece como polo de atração de toda a narrativa, dando o verdadeiro significado de cada um dos episódios e reconfigurando todo o sentido da história ao constituir uma visão do real "como algo regular, plena e coerentemente ordenado". A narrativa dá forma à vida ao apreendê-la como uma totalidade cujo significado é revelado em seu final.Mas a modernidade nos ensinou que há outras formas possíveis de captar o sentido de uma vida. Podemos nos lembrar do último capítulo de Mimesis, de Erich Auerbach, que através de Virginia Woolf nos mostra como se pode, a partir de alguns fragmentos de alguns ângulos ou mesmo a partir de um único dia configurar uma vida.
O pensamento social no Brasil reúne artigos escritos por Luiz Antonio de Castro-Santos ao longo de 20 anos. Os artigos giram em torno de autores que teriam em comum a preocupação em pensar ou "inventar" o Brasil, produzir interpretações ou estratégias políticas que de algum modo contribuíssem para a superação de problemas nacionais.
ResumoEm A formação da literatura brasileira, de 1959, Antonio Candido apresenta o processo através do qual a literatura nacional teria se constituído enquanto sistema. O processo de construção do sistema literário opera, na argumentação desse livro, como uma espécie de fermento da própria nação: construir a nação aparecia como uma missão que caracterizava uma aspiração constitutiva desse sistema literário. Em ensaios posteriores, escritos durante a ditadura militar a atitude de Candido diante do fenômeno literário apresenta algumas diferenças significativas, a ênfase não é mais posta na construção do sistema, do cânone ou da ordem literária. Não busca mais mostrar como diferentes autores e obras se integram no interior do mesmo sistema literário. Os ensaios irão explorar não a integração sistêmica, mas como alguns textos ou se contrapõem às características predominantes do sistema, ou questionam aspectos da construção da ordem (literária ou nacional) que eram tomados como pressupostos na argumentação de Formação da literatura brasileira. Palavras-chaveLiteratura. Literatura brasileira. Ensaio. Antonio Candido. AbstractIn A formação da literatura brasileira, originally published in 1959, Antonio Candido outlines the process through which national literature would have become constituted as a system. The building process of the literary system operates in this book's argument as a kind of yeast of the nation itself: to build the nation is an act portrayed as a mission, in itself a key feature of this literary system. In later essays, written during military dictatorship, Candido's attitude in face of the literary phenomenon presents several relevant diferences: emphasis is no longer placed on the construction of the system, the canon or the literary order. He no longer seeks to show how different authors and works are integrated into the same literary system. These essays do not explore the systemic integration; rather, they examine the way in which some texts either counter the system's main characteristics or question aspects of the building
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