Resumo O artigo demonstra a dimensão heterotópica do olhar e do espaço próprios à pintura de Manet. O espaço, tal como concebido por Foucault, se constitui como poder-saber, e o olhar, tal como erigido pela pintura de Manet, visibiliza as heterotopias. A metodologia consistiu na seleção e análise crítica dos textos de Foucault sobre a pintura de Manet e a heterotopia acrescida de bibliografia de comentadores voltados para a análise da pintura, da arte e da heterotopia na obra do pensador. A raridade da reflexão sistemática acerca das considerações foucaultianas sobre a pintura e o espaço concebido como “espaço outro” faz com que a demonstração do entrelaçamento entre o espaço produzido pelas pinturas de Manet e a heterotopia configure novidade na literatura dedicada ao pensador. Concluímos indicando como as discussões estéticas estão indissoluvelmente ligadas às análises do poder. Neste caminho, Foucault indica, por exemplo, que a experiência da transgressão batailliana do olhar evidencia a condição da visualidade pictórica das telas de Manet. A visibilização dos efeitos políticos do espaço e seus outros assim como da produção artística pavimenta um caminho possível para esboçar novas compreensões das relações dos corpos com os enraizamentos espaciais e seus desdobramentos subjetivos singulares.
Este artigo indica a importância do Doutrina das cores (1810), de Johann Wolfgang von Goethe, para o surgimento de um novo regime de visualidade no século XIX, o modelo de visão subjetiva na cultura ocidental. Sua postura radicalmente nova diante do fenômeno cromático defende o olho como um órgão vivo e, com isso, funda a visualidade como produto da ação fisiológica do olho. Schopenhauer, influenciado pelo trabalho de Goethe, desenvolverá a visão subjetiva por meio da divisibilidade retiniana. Embora Goethe tenha realizado um trabalho inovador, a historiografia da Psicologia moderna, ao se apoiar epistemologicamente no método positivo das ciências naturais, não o incluiu em seu domínio, restringindo-o a uma espécie de excentricidade do espírito do poeta. Acreditamos que a história da Psicologia possa ser repensada.
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