Este artigo propõe-se ao estudo da memória dos grupos pentecostais, católicos e afro-brasileiros de Imperatriz-MA, por meio do acervo documental, iconográfico e de cultura material fornecido pelos mesmos à essa pesquisa. O objetivo é analisar as representações da memória desses grupos, buscando as relações entre essas memórias e diferentes aspectos da contemporaneidade como a sua identidade religiosa, suas disputas no campo religioso, sua inserção no espaço público. Para isto usamos como orientação teórico-metodológica autores que são referências no tema da memória, como: Pierre Nora, Michael Pollak e Maurice Halbwachs, além de teorias da museologia, especialmente o conceito de “musealidade”, de Tereza Scheiner. Os resultados nos mostram, através das memórias musealizadas de cada grupo, as estratégias de poder por parte das religiões atualmente dominantes (pentecostais e católicos), tanto para difundir suas doutrinas, quanto nas maneiras de subalternizar e demonizar as religiões afro-brasileiras e suas práticas, bem como as formas de resistência destas.
Este é um estudo sobre a memória de George William Butler (1853-1919), médico e missionário protestante que viveu no Nordeste brasileiro entre 1883 e 1919. A proposta deste artigo é perceber o processo de construção da memória de George Butler a partir de um sepultamento de restos mortais realizado pelo missionário no interior da Igreja Presbiteriana de Canhotinho-PE. Relaciono este rito à constituição de seu próprio “lugar de memória” anos depois, com a construção do “Mausoléu do Dr. Butler” na mesma igreja. As duas sepulturas se fundiram em um mesmo monumento, transmitindo um sentido normativo sobre os valores, os modelos e as práticas do grupo religioso protestante no interior nordestino.
Empreendemos um estudo sobre a inserção do protestantismo no Nordeste do Brasil por meio da biografia do médico e missionário protestante George William Butler. No âmbito de uma perspectiva micro-analítica, objetivamos compreender como ele dá sentido às suas relações sociais e ao mundo à sua voltao Nordeste no alvorecer do século XXbem como essa sociedade recepcionou um indivíduo portador de uma nova religiosidade. Percebendo as limitações das fontes escritas (relatórios missionários) para tais propósitos de pesquisa, buscamos uma análise iconográfica das fotos divulgadas pelo missionário e sua esposa, por meio de sua instituição: a Presbyterian Church in the United States (PCUS). Pensamos essas imagens como uma via de acesso às representações sociais que cercam as relações entre um protestante, originário do sul dos Estados Unidos, e a cultura local, por meio da investigação da produção, circulação e apropriação dessas imagens. As fotografias, cotejadas com outras fontes escritas, permitiram-nos recompor a dimensão ideológica das imagens e o esforço de manutenção do poder, em meio aos avanços e recuos da transição secularizadora e do capitalismo anglo-saxão, aliando protestantes e latifundiários, no interior pernambucano.
Esse artigo trata da trajetória de Mary Rena Humphrey Butler (1861-1954), empresária, missionária e esposa do médico e missionário protestante, George William Butler (1853-1919). O trabalho de Rena foi fundamental para a consolidação protestante no interior pernambucano, um legado inscrito no espaço urbano pela construção de edifícios em Canhotinho-PE. A partir dessa perspectiva, a trajetória de Rena confrontou as representações de gênero que marcam os registros históricos e a memória construída sobre ela. Essa pesquisa complexificou as imagens consagradas pela memória oficial sobre o casal e realocou o papel de Rena Butler como sustentáculo financeiro daquela missão por meio da exportação de orquídeas. Uma trajetória que possibilitou repensar a importância das mulheres e de outras missionárias no processo de consolidação e visibilização do protestantismo no espaço público brasileiro.
O propósito desta abordagem é esboçar questões pertinentes à realidade conjuntural brasileira na perspectiva pandêmica, seus desdobramentos e interlocuções com aspectos engendrados por algumas denominações religiosas, sobretudo, evangélicas neopentecostais no cenário atual face à flexibilização da abertura de templos e a realização de cultos. Busca-se aqui, entrementes, ampliar o horizonte crítico e compreensivo sobre as possíveis alternativas que possam (de)limitar um entendimento de bem comum. Interessa-nos, sobretudo, entabular um aprofundamento de como esta conjuntura pandêmica vem repercutindo no panorama brasileiro a partir de determinados valores instrumentalizados no âmbito das sociabilidades religiosas e que, por vezes, consolidam convicções ou preconceitos quem acentuam a própria incapacidade cognitiva em lidar com a realidade. Os resultados indicam que os parâmetros utilizados pelas instituições religiosas se embasam em uma visão tutelar e de correção moral, objetivando reforçar valores que, pretensamente, se coadunariam com o desejo das famílias, dos costumes, de uma ordem política e religiosa enquanto expressão da maioria da população.
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