O momento pós-colonial africano enfrenta desde a segunda metade do século XX, dentre inúmeras adversidades, conflitos muitas vezes denominados como “étnicos”. Entretanto, existem autores que alertam para o uso excessivo e, por vezes pouco crítico de conceitos como etnia, etnicidade, tribo e nação, no intuito de caracterizar maneiras pelas quais operam os empasses políticos no continente africano. Ao observar a trajetória destes conceitos ao longo do tempo se torna possível explicitar os problemas vividos pelas populações africanas, bem como compreender a gênese dos modelos de estado-nação vigentes na contemporaneidade. A fim de divergir de antigos paradigmas que por longo período reduziram a complexidade da história africana, um melhor entendimento dos usos conceituais alinhado a uma historicidade meticulosa se torna necessário para a escrita de uma história da África com mais criticidade e livre de preconceitos, os quais ainda se encontram amarrados ao racismo cientificista do século XIX. Pormenorizar conceitos de análise direcionados aos estudos do continente africano são de suma importância para a escrita de uma história livre de estigmas e de preconceitos.
Este texto propõe um exercício de comparação entre dois casos de separatismo político presentes atualmente no continente africano: Cabinda/Angola e Casamance/Senegal. Apresenta como metodologia a observação de semelhanças e as dessemelhanças entre as duas regiões, a partir da apresentação histórica dos casos, análise da emergência dos movimentos separatistas e relação destes com luta anticolonial e projetos nacionalistas (Angola, Guiné-Bissau e Senegal). Por fim, este trabalho visa problematizar os desdobramentos dos conflitos separatistas na história recente (1980-2000), ao refletir sobre como a guerra fria relacionou-se com os processos regionais de descolonização, construção dos nacionalismos africanos e desdobramentos da guerra colonial portuguesa, apontando, por fim para a multipolaridade em torno dos interesses políticos regionais bem como seus desdobramentos ainda hoje presentes nas duas regiões.
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