Esta é uma análise da produção literária do escritor mexicano Carlos Juan Nepomuceno Pérez Rulfo Vizcaíno (1917-1986). Buscou-se aprofundar os sentidos de seus enredos trágicos, ambientados e referenciados à desigualdade social e à ruralidade mexicana de meados do século XX. O objeto de discussão se circunscreve às obras literárias Chão em Chamas (1953) e Pedro Páramo (1955). Estes textos, notoriamente complexos e enigmáticos, se relacionam entre a realidade social mexicana do início do século XX e o imaginário social, permeado pelo misticismo e pelo fantástico. A literatura rulfiana, portanto, assumiu a tessitura de um discurso que oscila entre o real e o imaginário e que dá sentido às experiências históricas. Nesse viés, um dos elementos fundamentais da produção literária de Rulfo é a presença da tragédia. Ela apresenta, sobretudo, elementos de uma ruralidade permeada pela escassez, pela exploração e pela pobreza. Sua obra representa, de modo original, uma contribuição ao pensamento decolonial, pois apresenta uma manifestação literária que advoga e dialoga com sua realidade de forma propositadamente pragmática. Sua tragicidade rural é, além de denúncia, um forçoso choque de realidade.
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