atualmente no Brasil, principalmente por conta do surgimento de políticas públicas com o objetivo de diminuir as desigualdades raciais, as discussões sobre temas relacionados às questões raciais têm ganhado maior visibilidade. Em um país historicamente racista como o nosso, saberes que sustentam o mito da democracia racial 1 e a impossibilidade de identificação dos negros por conta da miscigenação seriam os principais argumentos usados para o impedimento da implantação de políticas como o programa de ações afirmativas tanto no ensino superior quanto no funcionalismo público, por exemplo. Por outro lado, surgem também importantes produções que irão intensificar estratégias de reparação das injustiças históricas cometidas até hoje. É diante desse cenário conflituoso que o livro Pele Negra, Más-caras Brancas é reeditado em língua portuguesa, chegando até nós como um instrumento de combate útil nos desdobramentos contemporâneos que a luta antiracista assume. Quer dizer, mais de que uma exposição teórica, o que Fanon no oferece é um mergulho na realidade das relações raciais do mundo contemporâneo. Seu texto quebra com todos os paradigmas de uma ciência positivista produzida não só no início do século XX, mas também nos dias de hoje. Embora, sua formação seja a psiquiatria, percebe-se ao longo do livro, um interessante diálogo com os estudos antropológicos e sociológicos. Não obstante, Fanon, procura falar também de um novo lugar epistemológico, na medida em que, propõe uma ruptura com esses saberes tradicionais concentrados no etnocentrismo em favor de uma nova possibilidade analítica que se dirige da periferia para o centro. Como se a voz a se insurgir nesse contexto discursivo estivesse localizada na realidade local para empreender uma crítica em torno da condição do negro na modernidade. Esse novo lugar epistemológico seria uma fala dos confins -para emprestarmos um conceito criado por Pelbart (2008) -inserida em um movimento provocativo de diagnóstico resumido no seguinte questionamento: o que é ser negro no mundo de hoje? Já no início da obra, o autor se posiciona como negro, e é a partir desse lugar que procura falar de todas as suas experiências existentes em uma sociedade racista, tal qual esta passagem descrita abaixo:Os elementos que utilizei não me foram fornecidos pelos "resíduos de sensações e percepções de ordem, sobretudo táctil, espacial, cinestésica e visual", mas pelo outro, o branco, que os teceu para mim através de mil detalhes, anedotas, relatos. Eu acreditava estar construindo um eu fisiológico, equilibrando o espaço, localizando as sensações, e eis que exigiam de mim um suplemento. "Olhe um preto!" Era um stimulus externo, me futucando quando eu passava. Eu esboçava um sorriso. "Olhe um preto!" É verdade, eu me divertia. "Olhe um preto!" O círculo fechava-se pouco a pouco. Eu me divertia abertamente. "Mamãe, olhe o preto, estou com medo!" Medo! Medo! E começavam a me temer. Quis gargalhar até sufocar, mas isso tornou-se impossível. Eu não agüentava [sic] mais, já sabia que existiam lendas, h...
Este documento possui uma licença Creative Commons. Atribuição: esta obra não pode ser usada para fins comerciais; ao citar direta ou indiretamente este conteúdo, deve-se dar crédito ao autor original; e a obra derivada desta deve ser distribuída sob uma licença idêntica a esta.
The introduction of christianity as an object of analysis in the work of Michel Foucault marks a new moment in his intelectual course, Where the author commits hinself to the project of a geneology of ethic and forms of subjectivation in the West. The objetive of this paper consists in pointing to the importance os christianity in the formulations that Foucault made startings in the 1970’s, specially on what concerns to his studies on ethic, truth and subjectivity. For that, we analyzed the development of this the me in the intelectual’s work, specially the courses ministraded by Foucault in College de France. Another central point to the discussion were the concepts os exomologesis and exagoreusis, forms of penitence in christianity which points to a shift in how regimes of truth function in the West. The shift in paying penitence as a public performative act to a confession by word can be traced as a point of conection between christian practices and modern subjectivity, in that of which concers to the Productions of forms of interpretation and relation of the subject with itself based on confessional dispositives. Finally we searched, based on foucaultian thought, to make a paralel between the christian penitential dispositive of exagoreusis and different power-knowledge relations of modernity (such as law, psychiatry and psychology) that utilize the confessional alegory as a disciplinary practice and Productions of subjectivity and truth.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.