RESUMO O presente estudo tem por objetivo analisar o trânsito da cultura material de Campos dos Goytacazes Oitocentista, a partir do cotejamento de duas fontes de áreas do conhecimento distintas: os vestígios arqueológicos e as manuscritas. Assim, partiremos das pesquisas arqueológicas feitas na Fazenda do Colégio entre 2012 e 2016, considerando o material cerâmico (louças importadas e cerâmicas locais) presente nos espaços do solar e das senzalas. Há claras diferenças entre os dois espaços, que nos permitem entender que o consumo de louças e cerâmicas estava diretamente relacionado à posição econômica e social dos agentes responsáveis pela formação desses depósitos. Posteriormente, nos debruçaremos sobre os anúncios e notícias presentes no periódico Monitor Campista, entre 1834 e 1887, período da escravidão na região. Nessa documentação, será possível averiguar informações relativas ao fabrico, circulação e consumo de cerâmicas utilitárias feitas tanto em âmbito local quanto também regional, assim como as louças importadas. De modo igualmente caro à pesquisa, serão examinadas as entradas sobre olarias e oleiros, na tentativa de tentar desvendar minimamente as técnicas e os trânsitos culturais existentes em Campos dos Goytacazes no período em tela. Desse percurso metodológico, serão confrontadas as fontes historiográficas (Monitor Campista) e a materialidade (vestígios arqueológicos) a fim de entender com o entrelaçamento entre as duas o consumo de cerâmicas utilitárias de grupos livres da elite, sobretudo, e os escravizados; e as circulações materiais e imateriais que orbitavam as louças e cerâmicas da região.
No presente artigo, exploro algumas questões referentes ao paternalismo e às alforrias em uma perspectiva étnica em Minas Gerais, entre 1753 e 1888. Para tanto, analiso nas cartas de alforrias determinados padrões a serem seguidos nas relações senhor-escravo que, não raro, pautaram-se por um processo de crioulização. As manumissões por parte dos cativos foram pautadas por suas etnicidades, ao passo que as estratégias de dependência criadas pelos senhores não levaram em consideração as origens dos cativos. Esses escravos carregavam bagagens e heranças culturais que influenciaram as formas como galgavam suas liberdades, assim como, no caso dos nascidos localmente, os estratagemas senhoriais para submeterem mais seus plantéis à dependência.
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