A partir da Declaração de Alma Ata, a Atenção Primária à Saúde passou a ser entendida como primeiro nível de contato com o sistema de saúde, orientada por princípios de solidariedade e equidade e baseada em métodos e tecnologias apropriadas. A Orientação Comunitária, atributo derivado da Atenção Primária à Saúde, se destaca por ressaltar a importância de se conhecer as necessidades de saúde da comunidade. Apesar desse atributo em específico ser reconhecido no Brasil como diretriz do Sistema Único de Saúde e da Rede de Atenção à Saúde, estudos conduzidos tanto internacionalmente quanto nacionalmente demonstram que a Orientação Comunitária tem baixa performance em geral. Questiona-se, assim, quais fatores podem contribuir para um melhor desempenho desse atributo, em especial se qualificação profissional em Medicina de Família e Comunidade contribui para a otimização desse desempenho. O presente estudo objetivou verificar a associação entre qualificação profissional em MFC e o grau de Orientação Comunitária na perspectiva dos profissionais médicos atuantes na Estratégia Saúde da Família de Belo Horizonte, Minas Gerais. Um estudo censitário de médicos de todas as equipes de Saúde da Família das regionais de Belo Horizonte compôs a população alvo desse estudo. Variáveis sociodemográficas, relativas à formação acadêmica e à situação ocupacional foram obtidas por meio de questionários construídos pelos autores. Foi utilizado o instrumento PCATool-Brasil para medir o desempenho do atributo Orientação Comunitária. As análises foram pelo software Statistical Package for the Social Sciences versão 15.0, obtendo-se medidas descritivas e comparação entre percepção satisfatória e insatisfatória do escore Orientação Comunitária e as variáveis independentes pelo teste qui-quadrado, com correção de Fischer. O escore médio do atributo foi de 7,9 (DP ±1,2). Nenhuma variável independente encontrou associação estatisticamente significativa com a Orientação Comunitária satisfatória. Houve correlação entre tempo de conclusão da residência médica em MFC e alto escore para Orientação Comunitária. Recomenda-se a realização de mais estudos que analisem a formação especializada sobre a ótica da Orientação Comunitária e os desafios que a prática profissional impõe à sua implantação.
Resumo: Introdução: A orientação comunitária apresenta, em estudos de avaliação dos atributos da atenção primária à saúde, baixa performance entre os usuários. Questiona-se, em especial, se a qualificação profissional em Medicina de Família e Comunidade (MFC) contribui para a otimização desse desempenho. Objetivo: Este estudo teve como objetivo verificar a associação entre qualificação profissional em MFC e o grau de orientação comunitária na perspectiva dos profissionais médicos atuantes na Estratégia Saúde da Família de Belo Horizonte. Método: Trata-se de estudo censitário que reuniu médicos de todas as regionais de Belo Horizonte. Variáveis sociodemográficas relativas à formação acadêmica e à situação ocupacional foram obtidas por meio de questionário. Utilizou-se o instrumento PCATool-Brasil para medir o desempenho do atributo. Resultado: A comparação entre desempenho do escore orientação comunitária e variáveis independentes foi feita pelo teste qui-quadrado, com correção de Fischer. O escore médio foi de 7,9 (DP ±1,2). Nenhuma variável independente foi associada com a orientação comunitária satisfatória. Houve correlação entre tempo de conclusão da residência médica em MFC e alto escore para orientação comunitária. Conclusão: A qualificação em MFC não determina, por si só, um alto grau de orientação comunitária. O maior tempo de formação em MFC na modalidade residência médica correlacionou-se com maior desempenho desse atributo derivado.
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