Resumo: as grandes cidades estão doentes. Seus sintomas: a quebra da sociabilidade e a irrupção rotineira da violência. Diante disso, ecoa na sociedade um clamor por ordem. No mesmo momento em que a polícia põe a tropa na rua, os literatos criam personagens que dão voz à sensação crescente de que a cidade está deixando de ser uma referência à constituição das identidades urbanas. É a partir da literatura, em especial da obra do escritor rubem Fonseca, que iremos perscrutar as possibilidades apresentadas pela cidade para o convívio humano.Palavras-chave: cidade, cidadania, ordem, literatura, rubem Fonseca. Introduçãorubem Fonseca é daqueles autores que acreditam que a literatura é capaz de, se não transformar o mundo, pelo menos, criar novos mundos. rubem Fonseca é um literato que lê literatura. além de fazer literatura, Fonseca usa a literatura como contraponto para... fazer literatura. É por isso que é inevitável transitar pela literatura e por literatos para compreender o universo desse autor, cuja obra é * arquiteta, professora do centro Federal de Educação tecnológica do Espírito Santo (cEFEt/ES) e doutoranda no instituto
Importa aqui tomar o acontecimento urbano como sintoma da cidade. Mas de que sofre a cidade? De excesso de individualismo e do escasseamento da vida pública na rua. Mas se o que caracteriza a cidade é o acolhimento do Outro, que se desdobra em convivialidades e em sociabilidades, como podemos pensar numa cidade sem que a questão da hospitalidade venha à tona? À propósito dessa contradição entre cidade e individualismo e privativismo e hospitalidade, me ponho a observar nossas ruas e a divisar certas cenas urbanas, depreendendo daí o que essas cenas podem nos contar de um ethos citadino. E, sim, elas nos contam muitas coisas de uma nova paisagem urbana/humana que insiste em desmanchar a imagem do acolhimento como a cena primordial da cidade, impondo sua obscena verdade, sua cena obs-cena.
Robert Moses Pechman (IPPUR/UFRJ)RESUMO: Rubem Fonseca dialoga com a tragédia em busca de alguma transcendência, para sempre perdida, no cotidiano das grandes cidades, onde a figura do herói não é mais possível, diante da crise contemporânea dos valores. Os personagens vivem numa sociedade em que ao eclipse da ordem do transcendente seguiu-se o eclipse da crença na razão. PALAVRAS-CHAVE:Cidade; Literatura; Leitura; Confiança; Sociabilidade. RÉSUMÉ:Rubem Fonseca dialogue avec la tragédie en cherchant quelque transcendence, pour toujour perduée, au cotidien des grandes villes, oú la figure du hero n'est pas plus possible, devant la crise contemporaine des valeurs. Des personages vivent dans une societé oú à l'eclipse de l'ordre du transcendente suive l'eclipse de la racionalité. Pela visão do mal e pela visão do bem, pelo ódio ou pelo amor da humanidade, pelo mau juízo a respeito de todos ou pelo bom juízo a respeito de todos, as duas lunetas levaram-me ao mesmo perigo, ao mesmo fim, à mesma calamidade. Uma, a primeira me fez passar por doido; outra, a segunda, me fez passar por néscio! Doido ou néscio, não escolho, porque a conseqüência é a mesma [...]. Portanto, querem condenar-me à miopia perpétua, miopia que para mim, é a cegueira, é a morte no seio da vida!... (apud PECHMAN, 2002, p. 194 PECHMAN, 2002, pp. 190,191). MOTS-CLÉ:• REDISCO (PECHMAN, 2002, pp.196, 197 Personagem useiro e vezeiro da literatura fonsequiana, Mandrake é um detetive inspirado nos antigos gibis onde, com suas mágicas, com seu ilusionismo, faz crer que o que parece real seja verdadeiro e assim fazendo, recompõe uma realidade distorcida.Fonseca, num gesto mandrakiano, explora o impasse entre os dois termos porque a eles subjaz a esperança da recuperação da confiança no convívio, de uma realidade que seja
Parto da hipótese que uma das explicações possíveis para se entender as “jornadas de junho” de 2013, jogadas nas ruas brasileiras é a compreensão do papel das cidades na percepção que o cidadão tem, seja dos mistérios do laço social, seja da dramatização da sociabilidade encenada no espaço público ou no espaço privado e/ou íntimo. Na medida em que a vida privada tragou toda a luz da esfera pública que iluminava a cena urbana, muito da experiência urbana reduziu-se diante do espetáculo de uma história, tributária, muito mais das estratégias do sujeito do que da cooperação coletiva, o que abriria caminho para novas formas de individualização, a partir do desenho de um modelo de homem psicológico e não mais social.
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